Estes problemas já eram discutidos, e vão continuar a sê-lo, mas o debate subiu de patamar com o editorial de Jérôme Fenoglio, director do Le Monde, que, falando de uma evolução na prática do jornal, declara:

 

"Nós decidimos, nomeadamente, não voltar a publicar imagens extraídas de documentos de propaganda ou reivindicação do E.I. Na sequência do atentado de Nice, não voltaremos a publicar fotografias dos autores de matanças, para evitar eventuais efeitos de glorificação póstuma. E temos em curso outros debates sobre as nossas práticas."


 

Segundo notícia do DN, no rescaldo do atentado de Nice, do qual resultaram 84 mortos e várias dezenas de feridos, foi lançada  uma  petição para que não se divulguem as identidades dos terroristas. "Porquê transformá-los em estrelas?", diz o documento, já assinado por quase 77 mil pessoas.

 

Também o canal de notícias BFM-TV decidiu não mostrar imagens dos autores dos atentados. O seu chefe de redacção, Hervé Béroud, declarou recusar-se a “colocar os terroristas ao mesmo nível das vítimas, de quem publicamos as fotos, como a do Padre Jacques Hanel, morto em Saint-Etienne-du-Rouvray”. Houve meios de comunicação que o fizeram, mas a BFM-TV não quer “veicular a imagem do belo jovem sorridente mostrado na foto, que acaba de degolar outra pessoa.”

 

Mas a France Télevisions fez outra escolha e mantém a intenção de mencionar as identidades e mostrar as fotos dos terroristas. O director de informação do grupo, Michel Field, recusa o “efeito perverso” desta medida e explica:

 

“Atentados anónimos, com autores sem nome e sem rosto? Nada disso, para activar o espírito de complot presente e favorecer a ansiedade social que já suspeita que os media não estão a dizer tudo, ou até querem esconder a verdade.”

 

 

Mais informação no Le Monde e no editorial citado. Ilustração recolhida em http://cafecomwhats.blogspot.pt/