Perante as alterações fomentadas pela era digital, tornou-se fundamental debater sobre a sustentabilidade financeira do modelo de negócio dos “media”, uma vez que este elemento será crucial para garantir o futuro da indústria, considerou Carlos Castilho num artigo publicado no“Observatório da Imprensa”.
De acordo com Castilho, este debate não deve fazer juízos de valor. Isto é: não há um bom ou mau modelo de negócio, desde que tudo seja feito com transparência, para que o leitor possa estar consciente das suas escolhas de consumo noticiosos.
Partindo desse pressuposto, continuou Castilho, os empresários dos “media” devem escolher entre um modelo comercial ou um modelo sem fins lucrativos, para que possam orientar o seu funcionamento, num momento em que os jornais deixaram de contar com as receitas de publicidade, que garantiram a sustentabilidade dos títulos ao longo do século XX.
O jornalismo sem fins lucrativos, explicou Castilho, não se trata de um modelo filantrópico, uma vez que a sua sobrevivência também depende da liquidez financeira. No entanto, os eventuais lucros são distribuídos entre os colaboradores, e não apenas entre os accionistas, ou utilizados para melhorar o funcionamento da redacção.
Por outro lado, existe o jornalismo comercial, que surgiu na necessidade de misturar notícias e negócios, como consequência da digitalização dos ‘media’”. Neste caso, a função social da profissão é condicionada pelos interesses dos donos das empresas, que ditam a linha editorial dos títulos.
No entanto, nenhum destes modelos parece estar a garantir a sustentabilidade da indústria.
Julho 22
Isto porque, por um lado, o jornalismo sem fins lucrativos, embora dê prioridade à função social da profissão, tem dificuldade em gerir questões relacionadas com preços e produtos, o que leva a cortes no número de colaboradores.
Por outro lado, o jornalismo comercial consegue gerir a redacção como um negócio. Contudo, a sua abordagem “fria” acaba por afastar os leitores, resultando na queda da circulação e, consequentemente, na queda das receitas.
Por isso mesmo, considera o autor, o jornalismo deve, agora, depender de contribuições directas dos consumidores, que subscrevam serviços noticiosos.
Isto faz com que os colaboradores da redacção se foquem em continuar a satisfazer as necessidades dos leitores, e que os cidadãos, por sua vez, se sintam impelidos a apoiar o jornalismo que assegure, constantemente, a qualidade.
“Apesar das incertezas ainda existentes – conclui o autor – já existe um quase consenso de que o futuro do jornalismo depende da sua interacção com o público, e que só conseguirá fazê-lo através da liquidez financeira, através de sistemas onde o lucro não seja a motivação principal”.
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