“Nem sempre basta o dinheiro para salvar uma empresa à deriva. Os multimilionários John Henry, Jeff Bezos e Aaron Kushner conseguiram dar um importante impulso económico a três meios de comunicação, mas a sua capacidade de gestão foi o que marcou o rumo destas empresas.” 

Segundo Media-tics, que aqui citamos, “num dos momentos mais críticos em toda a história da Imprensa, os multimilionários levantavam-se como os salvadores da indústria”. (...)

Num artigo de apresentação do seu próprio livro, Dan Kennedy, docente de Jornalismo na Northeastern University em Boston, conta que “todos três apareceram durante os últimos suspiros da era do jornalismo digital grátis”: 

“Durante mais de duas décadas, os empresários dos jornais tinham mantido a esperança de conseguirem fazer a transição para a Internet fornecendo um jornalismo de acesso livre, pago pela publicidade”. 

“Mas em 2013 estava a tornar-se claro que talvez isso nunca viesse a acontecer. A visão de uma abundância de recursos proveniente de publicidade multimédia para os jornais digitais tinha dado lugar à realidade da Craigslist, Google e Facebook.” (...) 

A experiência de Aaron Kushner parece ter sido a mais ambiciosa, à partida, e foi também a que teve uma queda mais brusca. Nos meses seguintes à aquisição de The Orange County Register ele chegou quase a duplicar o número dos jornalistas e expandiu-se, a nível local, com o lançamento de The Long Beach Register e The Los Angeles Register, além de comprar também The Press Enterprise of Riverside

Como resume Media-tics, “os novos diários não funcionaram bem e acabou por fechá-los, enquanto The Orange County Register teve várias vagas de despedimentos; em 2015, Kushner acabou por renunciar às suas funções executivas na Freedom Communications”. Foi criticado por muitos, mas John Tamny, na Forbes, cumprimenta-o por ter tentado e reconhece que “o fracasso traz consigo informação”  - um aviso que pode ser útil a outros. 

Segundo Dan Kennedy, ainda é cedo para fazer o veredicto da experiência de John Henry como proprietário de The Boston Globe. Nem tudo tem corrido bem mas, sendo o diário generalista que cobra mais por uma assinatura digital (30 dólares por mês), está a passar de mais dos 100 mil leitores fiéis nesta primeira metade do ano. 

“Se o jornalismo sustentado pelos leitores é o futuro do negócio dos jornais, então talvez The Globe esteja no caminho da sustentabilidade.” (...) 

Na expressão de Media-tics, Jeff Bezos “é o grande vencedor deste triunvirato”. Isto deve-se, segundo Dan Kennedy, à localização do Post na capital da nação, que Bezos soube aproveitar fazendo dele um jornal digital que concorre directamente com The New York Times, às sinergias com a Amazon e ao facto de ter herdado, com a redacção, uma “talentosa equipa de tecnologia” à qual deu todos os recurso de que precisava. 

O artigo de Media-tics, que cita o de Dan Kennedy em Poynter.org  - cuja imagem, dos três "magnatas", aqui incluímos