No entanto, como afirma de início, todo o jornalismo, à partida, tende a ser paroquial: o repórter foca-se sobre o seu tema e o interesse da comunidade a que se dirige.
As coisas mudaram depressa quando tivémos de enfrentar, numa sucessão rápida, a desinformação, o crescimento dos novos autoritarismos e o medo das alterações demográficas em países por todo o mundo.

“A Imprensa foi chamada a fazer a cobertura destes casos e foi apanhada nas suas redes.” 

Kyle Pope lembra a história de Jamal Khashoggi, morto no consulado da Arábia Saudita em Istambul. Que repórter está seguro, seja onde for?  - pergunta. “Podemos enfiar os narizes nos nossos computadores e concentrar-nos no nosso trabalho, mas cada vez mais não temos escolha senão a de nos levantarmos e reconhecermos que fazemos parte do mundo à nossa volta.” 

E acrescenta o que considera ser a boa notícia: 

“O jornalismo foi sempre uma tribo, e descobrimos que a nossa tribo é bastante maior do que julgávamos. Todos os ataques e ameaças que confrontam os repórteres estão a reunir-nos.” 

Dá como exemplo o caso de Maria Ressa, fundadora do site Rappler, nas Filipinas, cuja voz se tornou “um toque a reunir na nossa profissão”. Lembra também os dois jornalistas da Reuters na Birmânia, que acabaram por ser libertados; e o jornal The Capital Gazette, nos EUA, alvo de um atentado a tiro que causou cinco mortos, como exemplos de uma corrente de solidariedade vinda de todos os lados. 

“É encorajador saber que não estamos sós diante dos maiores desafios que enfrentamos. É fácil perdermo-nos numa melancolia solitária perante as ameaças à nossa profissão, o modo como é dizimada a informação local, a natureza tóxica das redes sociais, a lentidão penosa da marcha no sentido da diversidade e da igualdade das mulheres.” 

“Mas o que encontrámos, ao reunir material para esta edição da CJR, sobre o jornalismo global, é que os jornalistas de todo o mundo estão a debater-se com os mesmos problemas ao mesmo tempo, e de modos muito semelhantes.”  (...)

 

O texto de Kyle Pope, na íntegra, na Columbia Journalism Review