“Quando eu cheguei, na década de 1970, Fleet Street era um lugar ruidoso e vibrante. Os grandes camiões de piso baixo tinham de manobrar pelas ruas laterais, como a Bouverie Street, onde estavam The Sun e o News of the World, para descarregar os rolos de papel de impressão para as rotativas. Podia acontecer que um deles tombasse do empilhador e esmagasse um operário sob o seu enorme peso.” 

“Depois do almoço  - a qualquer hora depois das três -  o maior perigo era de ser atropelado por um repórter de volta à redacção, ou intoxicado pelo álcool da sua respiração. De regresso à sua secretária, o repórter ou martelava mil palavras de prosa arrebicada, ou tombava a dormir em cima da máquina de escrever, frequentemente ambas as coisas.” (...) 

No seu artigo de memórias desse tempo  - que aqui citamos do European Journalism Observatory -  Maurice Chittenden evoca esse mundo em que “era fácil deixarmo-nos mergulhar”: a camaradagem, os episódios caricatos, as “aventuras e desventuras” da carreira, os casos que marcaram mais. 

“Eu fui envolvido (por acaso, evidentemente) na primeira escuta telefónica de alguém da família real, ajudei a resolver um crime e causei um incidente diplomático quando fui preso no Bornéu por causa de uma lagosta. Também tenho no currículo o derrube de um governo conservador.” 

“O espaço de Fleet Street pode já não ter mais jornalistas, mas permanece como o nosso lar espiritual, mesmo que as únicas vezes em que lá voltamos seja para prestar homenagem a um camarada falecido, na Igreja de St. Bride [Santa Brígida], conhecida como a igreja dos jornalistas.” 

[A expressão spiritual home of the media é usada na apresentação desta Igreja, da Comunhão Anglicana, que tem actualmente como Pastora responsável a Rev. Alison Joyce]

 

O artigo citado, na íntegra, no European Journalism Observatory