Assumindo existir uma “preocupação” no sentido de “uma remuneração justa”, Luís Cunha Velho assegurou que a Media Capital não é “contra” as grandes plataformas. Mas apelou a que seja atribuído “real valor” ao conteúdo dos “media”. 


Do lado do serviço público, Hugo Figueiredo, administrador da RTP, indicou que este é um “tema mundial” e defendeu que o “jornalismo é um dos principais garantes da democracia”. Por isso, negociar com as plataformas acordos que prevejam pagamentos pelos conteúdos dos media “são medidas importantes para a RTP”.


“Todas as medidas que contribuam para a qualidade do jornalismo são bem-vindas. Não interessa a ninguém que os operadores do sector dos ‘media’ sejam obrigados a cortar custos repetidamente, o que depois, claramente, tem uma influência enorme na qualidade dos conteúdos e, por via indirecta, que a democracia venha a sofrer porque não tem informação de qualidade”, destacou.


Em contrapartida, a Google, representada no painel pelo director-geral em Portugal, Bernardo Correia, discorda que tenha de pagar aos ‘media’ pelos seus conteúdos.


Começando pela “ideia de que o Google rouba conteúdos ou está a fazer dinheiro com conteúdos” alheios, aquele responsável assegurou que “não rouba conteúdos a ninguém”. “Existe alguma obrigatoriedade de estar no Google? Não existe. Qualquer ‘publisher’ pode sair. Basta pôr no ‘site’ uma coisinha muito simples chamada ‘no follow’, que nós lemos”, argumentou.


Bernardo Correia assegurou, igualmente, que a empresa não gera receitas com publicidade de conteúdos noticiosos e que apenas os promove porque “é relevante para o utilizador”. 


Recorde-se que os “media” portugueses não são os primeiros a abordar a questão da remuneração dos conteúdos noticiosos.


No início deste ano, a Austrália introduziu uma nova lei para obrigar as grandes plataformas a remunerarem as empresas de “media”. Isto resultou em alguns conflitos com o Facebook, que chegou a bloquear a partilha de artigos noticiosos naquele país.