“Media” independentes da Ucrânia enfrentam dificuldades
Desde 2008 que o “Kyiv Post” reportava, em língua inglesa, sobre casos de corrupção na Ucrânia, apesar da insatisfação e das ameaças de diversos oligarcas, políticos e agentes das autoridades policiais.
Contudo, este cenário alterou-se em Novembro de 2021, quando o dono do jornal, o empresário sírio Adnan Kivan, dispensou todos os membros da redacção, incluindo o editor-executivo, Brian Bonner.
Conforme apontou Maria Bustillos, num artigo partilhado na “Columbia Journalism Review”, Bonner teve, ao longo dos últimos anos, um papel preponderante na manutenção da independência editorial do “Kyiv Post”, defendendo a importância de reportar casos de corrupção, apesar das pressões exteriores.
No entanto, desde que o jornal foi adquirido, em 2018, por Adnan Kivan, que a equipa do “Kyiv Post” foi aconselhada a manter o silêncio, relativamente a histórias que envolvessem membros da vida política ucraniana, resultando num clima de tensão entre a redacção e os administradores.
A “última gota”, explicou Bustillos, deu-se no final do ano passado, quando foi anunciada a publicação de uma versão ucraniana do “Kyiv Post”, sem o conhecimento ou consentimento de Bonner e dos restantes colaboradores. A rejeição desta nova medida resultou, mais tarde, no seu despedimento.
Em entrevista para o “CJR”, Bonner explicou que diversos jornalistas estão, agora, a lutar para que Kivan reverta a sua decisão, reabrindo o jornal, ou vendendo-o a outra empresa, para que a publicação seja transformada numa organização sem fins lucrativos.
Fevereiro 22
“Ter uma empresa de ‘media’ na Ucrânia não é uma tarefa fácil”, afirmou Bonner. “Existem muito poucos jornais que conseguem combinar a independência editorial e o lucro”.
“Isto acontece – prosseguiu Bonner – porque a maioria dos títulos é controlada por oligarcas, e utilizada como arma política, que recompensa amigos, e tenta prejudicar a oposição”.
Além disso, continuou aquele responsável, os empresários querem que os jornalistas mantenham o silêncio acerca de casos de interesse público. No entanto, Bonner defende que esse não é cenário viável, uma vez que os jornalistas devem ser “megafones” da realidade nacional.
Agora, Bonner encontra-se a tentar chegar a um acordo com outro Grupo de “media”, para que a sua equipa possa voltar a reportar sobre a realidade ucraniana de forma objectiva, numa altura em que a independência do país está, novamente, sob ameaça.
Para já, a edição inglesa do “Kyiv Post” continua desactivada.
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