Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se, assim, à Presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco, ao Presidente do Museu Nacional da Imprensa, Luiz Humberto Marcos  - as duas entidades promotoras da homenagem -  e a um significativo grupo de amigos de sempre, que lhe cantaram o “Parabéns a você”.. 

Manuela de Azevedo fez questão de falar, como prometera, agradecendo a homenagem e recordando os seus princípios de carreira como jornalista, referindo o seu culto pelo verdadeiro jornalismo de investigação e o primeiro exemplo em que se estreou neste terreno, numa reportagem sobre as habitações precárias denominadas as “furnas” do Monsanto. 

Luiz Humberto Marcos apresentou, em projecção, o trabalho que o Museu Nacional da Imprensa realizou sobre a vida e obra de Manuela de Azevedo, que está disponível no respectivo site

Recorde-se que Manuela de Azevedo foi a primeira mulher portuguesa a receber a carteira profissional de jornalista. Nasceu a 31 de agosto de 1911, perfazendo  quase seis décadas de profissão.


Entre os episódios que contou, com uma invejável lucidez e descrições visuais, conforme refere o site da TSF ,  Manuela de Azevedo recordou as viagens que fez com Marcelo Rebelo de Sousa quando os dois partilhavam o ofício de jornalismo.


A carreira feita a escrever começou em 1935 com artigos censurados, quando a partir de Viseu escreveu sobre a eutanásia. Onze anos depois assinava a manchete do
Diário de Lisboa - “Fui criada de Sua Majestade” – que incluía textos escritos, porque Manuela de Azevedo se disfarçou de aspirante de criada e entrou na Quinta da Piedade (Sintra), onde a família do rei Humberto II, de Itália, morava desde a deposição. Esses textos foram vendidos à imprensa estrangeira, o que valeu “umas tantas libras” e a admiração de leitores por um pormenor: “Era não terem água corrente, com a água para os banhos a ir numa chaleira. E foi sensação em todo o mundo”, contou.


Ser mulher numa profissão de homens até foi "muito fácil", garantiu Manuela de Azevedo, que comentou como o "decano Norberto de Araújo no Diário de Lisboa" a 'baptizou' de "lagartixa, por "mexer em toda a parte à procura de assuntos".

Para Manuela de Azevedo, como recordou, “o jornalismo é o defensor da objetividade, de focos, de problemas sociais".

Revelando que "a vista lhe falhou", Manuela de Azevedo confessa que só lê atualmente os títulos, enquanto prepara um novo livro, porque as letras sempre foram a sua vida. 


Galeria Virtual no site do Museu da Imprensa