O apresentador deste relatório, Nic Newman, declara que “essas três tendências, combinadas, colocam uma grave pressão sobre os modelos de negócio, tanto das empresas jornalísticas tradicionais como das que já nasceram no digital, assim como estão a alterar o modo pelo qual as notícias são arrumadas e distribuídas”.

 

Em todos os 26 países avaliados, encontramos “um retrato comum de perdas de emprego, cortes nos custos e projectos falhados, à medida que a queda das receitas da Imprensa em papel se combina com a brutal economia do digital, formando uma tempestade perfeita”.

 

A chegada e universal adopção das aplicações de bloqueio de publicidade veio agravar o estrangulamento das fontes de receita no jornalismo digital e tornou-se um problema sério, que está a ser discutido em toda a parte, como é patente noutros estudos que temos incluído no site do CPI.

 

Este trabalho do Reuters Institute inclui um gráfico revelando os motivos declarados por uma amostra de onze dos 26 países que fizeram parte do inquérito. O volume dos anúncios, no espaço disponível, e a intromissão constante que fazem, são os dois primeiros e, no caso português, têm percentagens de 58% e 56%, muito próximas das do Canadá, por exemplo. Neste mapa, os que mais se impacientam com o volume dos anúncios são os checos e os britânicos, seguidos de perto pelos norte-americanos.

 

Uma consequência perversa deste problema é que muitas empresas noticiosas acabam por tentar contorná-lo recorrendo aos “conteúdos patrocinados” (branded and sponsored content), isto é, criando elas próprias “conteúdos para marcas, frequentemente usando os mesmos formatos, tipo de letra e apresentação dos outros conteúdos editoriais”.

 

O capítulo dedicado a  Portugal (escrito pelos investigadores Gustavo Cardoso e Ana Pinto Martinho, do ISCTE) indica também que o número de jornalistas está em queda. No início de 2015, o número total de jornalistas tinha descido para 5621, menos 1218 do que em 2007. “O desemprego e o uso alargado de estagiários nas redacções são duas tendências emergentes para 2016”, escreveram. 


Mais informação no Público e o estudo, na íntegra, do Reuters Institute