“Parte do sucesso destes livros provém certamente da fama já adquirida pelos autores. Já ficou provado que o facto de o público os apreciar como jornalistas ajuda as vendas. No entanto, como diz Gabriela Maaz, directora de marketing na Humanitas, uma das maiores editoras na Roménia, a fama não é o critério no processo de escolha. É o manuscrito que importa, não se o jornalista é muito conhecido.” 

“Por outro lado, Adrian Serban, o director editorial da Polirom, outra importante editora, explicou ao [representante do] EJO – European Journalism Observatory na Roménia que, embora ache que a qualidade do manuscrito é um factor importante na decisão de publicar, ele também “avalia o livro de um ponto de vista de vendas e marketing”. Parece que a verdade está aí algures no meio: a qualidade é o principal, mas ajuda ter nome feito.” 

E o que esperam os leitores? Muitas vezes vão encontrar textos que já tinham sido publicados noutros meios, mas também são surpreendidos com matéria nova. Segundo Gabriela Maaz, os leitores gostam de livros escritos por jornalistas  - uma boa razão que explica o facto de estarem sempre na lista de editoras por todo o mundo. 

“Têm sido muito populares, nestes últimos anos, livros sobre o Médio Oriente. Adelin Petrisor e Carmen Gavrila, dois experimentados correspondentes de guerra, procuraram usar os seus livros para educar os leitores a respeito desta parte de um mundo que, para muitos, é completamente diferente do que conhecem como seu. Parece que encontraram o ‘ponto fraco’ junto dos leitores romenos. O livro de Petrisor “My Wars” (no original Razboaiele Mele, de 2010), esteve no Top 10 de vendas de não-ficção por mais de sete semanas.” 

Por seu lado, a jornalista Carmen Gavrila tem já mais de 15 anos de experiência como correspondente da rádio pública romena e fez reportagem do Irão e de vários Estados árabes no Médio Oriente. O seu livro “Rebellion of the Orient” (no original Revolta Orientului, de 2013), é baseado nas suas reportagens para a rádio, embora as tenha adaptado para a edição em livro.” (...) 

Sobre as diferenças entre a escrita jornalística e a que se faz para um livro, Liliana Nicolae, jornalista da rádio, admite que, “como repórter, sou eu a fazer as perguntas; como autora, tenho de trocar os papéis e responder às perguntas dos que lêem as minhas reportagens e o meu livro”. 

Para Carmen Gavrila, o trocar de funções entre jornalista e escritora pode ser um desafio, mas gosta dele: “Como jornalista, sente-se realmente a pressão da hora de fecho, enquanto o trabalho no livro significa descobrir novas liberdades.”

 

O texto citado no European Journalism Observatory. A imagem de Carmen Gavrila, que também incluímos, é do seu arquivo pessoal.