Linhas editoriais “cosmopolitas” prevalecem nos jornais dos EUA
Nos Estados Unidos, os jornalistas “freelancer” têm dificuldade em publicar os seus artigos, especialmente quando são de origens sociais menos privilegiadas, ou pretendem contar histórias que não reflectem uma realidade cosmopolita e elitista, considerou Alissa Quart num artigo publicado na “Columbia Journalism Review”.
Conforme indicou Quart, esta realidade é prejudicial tanto para os jornalistas, como para os leitores, que são privados da pluralidade noticiosa, devido aos preconceitos dos editores, que tendem a omitir perspectivas diferentes das suas.
A autora recordou, neste âmbito, o caso da jornalista Bobbi Dempsey, que começou a trabalhar como “freelancer” a partir da década de 2000, procurando falar sobre a sua cidade, numa zona agrária do Estado da Pensilvânia.
De acordo com Dempsey, os primeiros anos foram particularmente difíceis, uma vez que a maioria dos editores não percebia o interesse em reportar sobre uma cidade rural, por terem “preconceitos financeiros e culturais”.
O mesmo aconteceu a Alex Miller, um veterano da Marinha que chegou a viver num abrigo, e que procurou, no início da carreira, narrar a realidade de alguém que experienciou situações de pobreza.
Contudo, à semelhança de Dempsey, Miller foi criticado por diversos editores, que desvalorizaram as suas histórias autobiográficas. Além disso, ambos os jornalistas dizem ter sido remunerados de forma irregular.
Este é, aliás, um cenário recorrente no panorama mediático norte-americano. E, de acordo com Quart, pode ser justificado com o perfil dos editores noticiosos.
Abril 22
Conforme demonstra um estudo do “ Journal of Expertise”, publicado em 2018, a maioria dos editores das publicações de renome têm uma educação universitária, tendo concluído os estudos nas principais instituições do país.
Por isso mesmo, estes profissionais tendem a dar prioridade às notícias cosmopolitas, ignorando os interesses dos leitores de outras partes do país, que se identificam com o mundo rural, ou que tiveram de enfrentar problemas relacionados com a pobreza, ou resultantes de doenças do foro psicológico.
Existem já os chamados “jornais de rua”: publicações asseguradas por sem-abrigo, que querem melhorar a sua situação de vida, e contar histórias que satisfaçam as necessidades de leitores em situações semelhantes.
Contudo, alguns especialistas em “media” consideram essencial que este tipo de cobertura chegue, também, aos grandes jornais dos EUA, como forma de expandir o conhecimento de todos os consumidores de notícias.
Assim, Quart acredita que a solução passa por reavaliar as noções dos editores noticiosos, bem como os métodos de pagamento a jornalistas “freelancer”, para que estes profissionais continuem a partilhar o seu ponto de vista, e a enriquecer o panorama mediático.
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