1. Desafios do jornalismo

Maria Ressa, um símbolo de coragem e resistência no jornalismo, falou sobre os desafios que ela e a equipa de jornalistas do Rappler enfrentam, perante as tentativas de censura e perseguição por parte do governo filipino.

Rappler é um site de notícias online com base nas Filipinas e um escritório em Jacarta, na Indonésia. Começaram como uma página do Facebook chamada MovePH, em Agosto de 2011, e mais tarde evoluiram para um site, em janeiro de 2012. 

"O ataque contra um é um ataque contra todos", advertiu Ressa. Muitos jornalistas têm sido perseguidos em várias partes do mundo, por governos autoritários e outros actores de poder.


  1. Jornalismo no feminino

Dez mulheres jornalistas de todo o mundo  falaram sobre alguns dos momentos mais difíceis das suas carreiras: colapso físico e psicológico, sexismo, poder, impacto, insegurança, pressão, trauma, ou como geriram a maternidade. As jornalistas partilharam várias experiências e o que aprenderam com elas, perante um público com centenas de outros profissionais, revelando as sombras  que acontecem no sector.


  1. O grande impacto dos meios pequenos

A equipa liderada por Gustavo Gorriti da IDL Reporteros, e sua editora, Romina Mellla,  foram premiados pelos seus trabalhos e investigações no Laja Jato e Lava Juez, no Peru. Apesar de serem um medium modesto , têm grande impacto na comunidade e  lideram rabalhos com outros jornalistas da região, para revelar e combater a rede de corrupção em vários  países da América Latina.


  1. Colaboração

Uma das palavras de ordem no congresso foi “colaboração”. Proferida  pela maioria dos participantes, principalmente nas sessões de networking, esta ideia permitiu reuniões presenciais e também promover a união de jornalistas, através da aplicação Whova, que possibilitou reuniões virtuais.


O objectivo era criar parcerias de investigação, algo fundamental no clima cada vez mais hostil e com recursos limitados para o jornalismo. A mensagem foi clara: colaborar é melhor do que competir.

As grandes redes estruturadas, com projectos de investigação transnacionais e ambiciosos, realizam colaborações há vários anos. 


  1. Sustentabilidade

Não existe uma fórmula infalível para o jornalismo sustentável. Os meios de comunicação social mais pequenos, independentes e sem fins lucrativos, dependem de várias fontes de rendimento, desde fundações a ajuda internacional. Cada vez mais recorrem a financiamentos através de campanhas de crowdfunding ou de assinaturas. Contudo, é necessária uma mudança de mentalidade, pois o jornalismo de qualidade não pode ser gratuito para sempre.


  1. Desinforrmação

A desinformação é uma realidade no jornalismo e foi um tema discutido ao longo de toda a conferência. As fake news, as campanhas de bullying online, são alguns dos muitos problemas enfrentados. É necessário que o jornalismo não contribua para a proliferação de más noticias e de manipulações políticas. 

Os conceitos de “verdade” e de “factos” são a base de trabalho dos jornalistas. Craig Silverman, da Buzzfeed, discutiu o tema num dos painéis.


  1. Criação de bases de dados

Os dados, os algoritmos e a inteligência artificial têm estado na raiz do debate  sobre a comunicação. Os dados são os elementos fundamentais de uma pesquisa, mas estão a ser “usados e abusados”, por aqueles que se encontram no poder. 

O acesso a essas informações é, contudo, desigual. A lição principal de muitos dos painéis e workshops é que é importante começar a construir uma base de dados própria, independente de influências ou bloqueios de acesso.

Os workshops procuraram, também, mostrar as últimas ferramentas de dados, técnicas de recolha, formas de visualização, limpeza, processamento e interpretação de dados.


  1. Luta contra o crime

O papel do jornalista passa, também, por investigar e denunciar possíveis situações de crimes, que podem ser negócios multimilionários, planos políticos ou até uma combinação de ambos. 

Documentar o modus operandi e os padrões que se repetem pode ser fundamental para identificar situações idênticas. Sobre o tema, realizaram-se vários painéis e workshops , expondo diferentes  formas de esconder fortunas.


  1. As possibilidades e dificuldades do exilio

Muitos jornalistas que foram obrigados a exilar-se estiveram presentes, como os repórteres de Armando.info – site venezuelano  distinguido com menção honrosa do prémio Cabot 2019. O projecto surgiu em 2010, devido à necessidade de promover investigações jornalísticas que transcendessem a agenda dos meios tradicionais. 

Actualmente, o exílio já não implica o fim do seu trabalho como repórteres. A possibilidade de trabalhar remotamente, de realizar colaborações e parcerias com os que ainda se encontram no país, abre as portas a várias hipóteses. Porém, o exercício da profissão dentro destas condições acarreta, também, não poucas dificuldades.


Mais informação em GIJC19.