Liberdade de Imprensa ameaçada por um “buraco negro”…
Khashoggi recordava que a esperança trazida pela Primavera de 2011 “foi frustrada há muito tempo, intensificaram-se as detenções de jornalistas e a censura e voltou-se ao antigo status quo ou até a uma situação pior”:
“O melhor colunista saudita, Saleh al-Shehi, cumpre uma pena de cinco anos. O governo egípcio confiscou todo o papel do jornal Al-Masry Al-Youm, sem que se escute o menor protesto, na profissão ou na sociedade internacional. Todos os regimes estão a dar rédea solta à repressão dos media. A Internet, que no passado era uma válvula de escape, está a ser bloqueada ou, pior ainda, usada para uma repressão mais dura.”
A Freedom House e outras organizações que fazem a denúncia da violação da liberdade de Imprensa (como os Repórteres sem Fronteiras, o Comité para a Protecção dos Jornalistas, o Instituto Internacional de Imprensa, Intercâmbio Internacional pela Liberdade de Expressão, Article 19...) publicaram, em Maio de 2018, um relatório que reune as conclusões de uma missão de observação que foi aos Estados Unidos “comprovar os principais desafios que hoje enfrentam os seus jornalistas e oferecer algumas recomendações ao país que todos os anos pretende dar lições ao resto do mundo, noutros relatórios regulares sobre democracia e direitos humanos”. (...)
“Nenhum Presidente dos Estados Unidos demonstrou, nos últimos tempos, maior desprezo pela Imprensa do que Donald Trump” - afirmou Michael Abramowitz, presidente da Freedom House.
Felipe Sahagún recapitula a história dos princípios fundamentais da liberdade de Imprensa, recolhidos na Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, de 1791, e no Direito internacional desde 1695, quando a Câmara dos Comuns a reconheceu, pela primeira vez, na Inglaterra.
Cita depois o texto inscrito na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de Agosto de 1789, e mais tarde na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de Dezembro de 1948, até chegar ao Tratado sobre a União Europeia, de Fevereiro de 1992, segundo o qual “nenhum país pode entrar na UE sem garantir a liberdade de expressão como direito humano básico”. (...)
Hoje, no entanto, “nem a Europa, sendo embora a região com menos ataques, se livra desta deterioração” - escreve Felipe Sahagún.
“Sem chegar ao extremo de apontar os media como ‘inimigos do povo’, imitando o pior estalinismo, como faz Trump nos EUA, muitos políticos e governos europeus também estão a multiplicar, por palavras e actos, os seus ataques à Imprensa.”
“Deste modo, e como adverte o secretário-geral dos RSF, Christophe Deloire, limitam ou impedem o debate público plural e favorecem uma sociedade de propaganda.”
“Colocar em questão a legitimidade do jornalismo é brincar com o fogo” - conclui.
O artigo aqui citado, na íntegra em Cuadernos de Periodistas