Segundo informação da própria Alphabet  - a empresa que detém a Google -  desde 19 de Outubro de 2017 tem estado a ser vendido um dispositivo Google Home por segundo, o que chega aos 6,8 milhões de unidades só no último trimestre do ano findo. 

Depois de uma “enchente” nos Estados Unidos, a vaga destes assistentes  - domésticos, pessoais ou inteligentes -  está agora a chegar às casas dos franceses. 

Conforme explica um texto em lesnumeriques.com, qual de nós não desejou ter um assistente virtual “que responde a todas as ordens, acendendo as luzes quando chegamos a casa, pondo a correr a nossa série favorita no televisor à hora de jantar e procurando resposta às perguntas que lhe fazemos, das mais úteis às mais fúteis?” Pois já existem, e estão a ser objecto de uma competição cerrada entre três empresas. 

Para usar uma imagem acessível, as colunas Amazon Echo, Google Home ou Apple HomePod são como os “corpos” que hospedam a inteligência artificial das “almas” correspondentes, que são Alexa, Google Assistant e Siri

“Quando se fala de inteligência artificial, trata-se de um programa que tem a tarefa pesada de compreender o seu utente e responder-lhe. Para este fim, ele utiliza uma tecnologia de interpretação da língua natural. O programa explora o contexto do pedido e analisa os hábitos dos utentes para lhes fornecer respostas e propostas adequadas.” (...) 

Benjamin Gautier, consultor de estratégia e gestão da Wavestone, recorda: 

“No início do smartphone, pensava-se que os assistentes de voz fariam sentido em situações de mobilidade. Mas rapidamente, por meio de estudos que fizémos, apercebemo-nos de que se usava menos um assistente vocal em público do que em privado, mesmo em situação de mobilidade. Se 36% dos casos de utilização do comando vocal se passam no carro, 43% são em casa, quando o utente está ocupado por uma [outra] tarefa. O espaço ocupado pela Amazon e a Google é esse: oferecer um assistente num local privado, onde a pessoa se sente em confiança.” (...) 

Da simples resposta a perguntas sobre o tempo que faz, ou à gestão de serviços como o Spotify, os primeiros assistentes passaram a poder gerir equipamentos conectados, que se tornaram controláveis pela voz. E as perspectivas vão desde acender e apagar as luzes à regulação do tesmostato ou à abertura e fecho dos estores. 

Benjamin Gautier acrescenta: “Do mesmo modo como os smartphones revolucionaram o mundo dos telemóveis, os assistentes domésticos vão abalar o da casa conectada.” (...) 

Este fenómeno avassala os lares americanos, com a Amazon liderando sem contestação, com 88% das unidades vendidas no mundo, muito à frente da Google. E como estes aparelhos se enriquecem [de funções] e se tornam cada vez mais eficazes, rápidos e fiáveis com o tempo, vão ser cada vez mais solicitados.” 

Annette Zimmerman, analista da Gartner, vai mais longe: 

“De agora até 2020, as pessoas vão chegar a ter mais interacção com um bot destes do que com os seus cônjuges. Os interfaces de comando vocal vão multiplicar-se nos próximos anos, porque nós vamos adoptar a pouco e pouco sistemas como o Echo ou o Google Home, mas também outros aparelhos com os quais vamos falar. Vai tornar-se cada vez mais fácil e prático.” 

E artigo de lesnumeriques.com, que aqui citamos: conclui: 

“É uma constatação que assusta um pouco... Apreciamos os assistentes, de acordo, mas talvez não tanto assim.” 

Sob o título revelador de “How smart speakers stole the show from smartphones”, também o diário britânico The Guardian acaba de publicar um relato actualizado sobre a história tão recente, e já tão acelerada, do aparecimento destes aparelhos de comando vocal. O texto descreve a competição entre as várias empresas já possuidoras do seu próprio dispositivo e as que querem entrar no mercado com produtos concorrentes. 

No fundo, o objectivo de todas é “trazerem os utentes para o seu ecossistema e garantirem que é com o seu assistente de voz que eles vão interagir”: 

“A voz é vista como o próximo grande paradigma da computação, o próximo passo depois do smartphone, que por sua vez destronou o computador de secretária.” (...) 

 

Mais informação em Media-tics,  lesnumeriques.com  e em The Guardian