A generalização da norma pós-verdade diz-nos respeito a nós, jornalistas, porque "transtornou nos seus fundamentos o ambiente em que trabalhamos e os valores sobre os quais nos apoiamos"  - afirma o texto. 

"Na base do trabalho dos media encontram-se os factos, que lhes compete relatar e, de seguida, comentar. Os factos contribuem para o estabelecimento da verdade. Neste contexto, acontece aos media darem conta de factos errados; em princípio, estes erros são involuntários e podem ser objecto de correcção." 

A situação agrava-se quando as falsas notícias são intencionais. Por este motivo, "a informação pós-verdade diz também respeito aos actores políticos, seja porque eles se podem sentir tentados a recorrer a ela, seja porque podem ser o seu alvo. E põe um desafio ético aos responsáveis de empresas tecnológicas como Google, Facebook e Twitter, que são os seus veículos e só muito tardiamente começaram a reagir."

Este desafio diz respeito, finalmente, a todos os leitores e cidadãos. "A sua exigência será a nossa melhor aliada"  - conclui o editorial. 

No blog de Plantu, a caricatura política de Le Monde, na passagem de ano, ironiza sobre a "rendição de guarda" na Secretaria-Geral das Nações Unidas, com Ban Ki-Moon de saída, dizendo que "deixa tudo limpo", excepto, talvez, a Síria, o Iraque, o Afeganistão, o Daesh, o clima, os migrantes, etc…

 

O editorial de Le Monde, na íntegra