Segundo o texto publicado por Le Monde, que aqui citamos:

As condições de detenção de vários deles, alguns com mais de 70 anos (como Sahin Alpay e Nazli Ilicak), são muito severas: regime de isolamento (como no caso do germano-turco Deniz Yücel, correpondente do Die Welt), com uma hora de visita por semana e conversas com os advogados gravadas na presença dos guardas).

A situação dos que continuam em liberdade também não é invejável: 123 partiram para o exílio, segundo a Associação Turca de Jornalistas, entre eles o antigo chefe de redacção do Cumhuriyet, Can Dündar. Mais de 775 carteiras profissionais de jornalista foram anuladas. Mais de 150 meios de comunicação foram pura e simplesmente fechados, com as sedes seladas e o equipamento confiscado. 

Os bens de mais de 50 jornalistas foram apreendidos, nos termos do estado de emergência, antes mesmo de qualquer condenação. Os passaportes de dezenas deles foram anulados, entre os quais o de Dilek Dündar, que já não pode visitar o seu marido, na Alemanha há um ano. Jornalistas estrangeiros são presos ou expulsos sem explicação. A censura da Internet e das redes sociais atingiu níveis sem precedentes. 

Se escolhemos chamar a atenção para [a grande purga] que atinge os jornalistas, é porque a Imprensa desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da abertura da Turquia ao longo dos anos 2000. Atacar a Imprensa é fazer recuar todo um país, que mostrou que aspirava à democracia. Ora, uma Imprensa livre e independente é a condição de base do debate democrático.

O jornal Le Monde e a organização Repórteres sem Fronteiras destacam, de entre os muitos detidos, dez nomes de homens e mulheres cujos casos especiais simbolizam esta luta, apelando no sentido da sua libertação, “bem como de todos os jornalistas detidos sem prova de implicação individual no cometimento de um crime”. 

Contam-se entre eles Ahmet Sik, jornalista de investigação distinguido com o Prémio Guillermo-Cano para a liberdade de Imprensa, da UNESCO, em 2014; a ex-deputada Nazli Ilicak, de 72 anos, uma figura conhecida do mundo mediático e político na Turquia; a jovem correspondente do diário Zaman, Aysenur Parildak, cuja libertação, mesmo depois de ordenada pelo tribunal, foi travada no último momento; o editorialista Kadri Gürsel, presidente do International Press Institute na Turquia; e o caricaturista Musa Kart, que desenhava no Cumhuriyet e foi distinguido, pelos seus pares na Associação de Jornalistas da Turquia, com o Prémio de Liberdade de Imprensa 2006. 

Apelam igualmente ao fim dos processos por motivos políticos, nomeadamente os que visam Erol Onderoglu, representante de RSF na Turquia desde 1996, membro do conselho da International Freedom of Expression Exchange e colaborador regular da OSCE, e a escritora Asli Erdogan. 


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