Lápis como arma, cartoonistas como soldados da democracia
É Plantu quem introduz o tema do filme, explicando que se instalou sobre o planeta “um capacete de chumbo”, a que “podemos escapar através do desenho”, neste caso o “cartoon” de sátira política da Imprensa.
“A democracia - acrescentou - é um combate de todos os dias, nunca é um dado adquirido”, e os cartoonistas são frequentemente os “soldados de infantaria” que vêem primeiro o terreno minado que todos pisamos, e nos alertam para o perigo.
Um dos testemunhos mais lúcidos e interessantes é o do cariocaturista russo Mikhail Zlatkovsky, que conta como, no início da Perestroika, foi convidado pela agência Tass a fazer caricaturas políticas, “com toda a liberdade”.
Entregou a primeira no dia seguinte e recebeu 250 rublos, uma importância significativa, mas, quando perguntou em que jornal ia ser publicado o desenho, explicaram-lhe que em nenhum - tratava-se só de mostrar boa imagem ao Ocidente.
A verdade é que, depois de os mandar e de os ver publicados em jornais de outras repúblicas soviéticas, o seu editor em Moscovo começou também a editá-los. Fui o primeiro, diz, a publicar caricaturas de Gorbatchev.
Tudo mudou depois de 2000, quando Yeltsin designou Vladimir Putin como seu sucessor. Mikhail ainda pôde fazer algumas caricaturas do “indigitado” novo Presidente, mas, assim que ele tomou posse, tudo isso acabou e “os editores perceberam logo”.
O artista conta que as pessoas achavam que Putin era alguém inexperiente em política, que talvez aprendesse e estivesse aberto a receber conselhos, mas, para Mikhail Zlatkovsky, “um oficial do KGB não precisa de conselhos e não se deixa manipular”, é ele que manipula as verdadeiras marionettes - mensagem que transmitiu nas caricaturas aqui incluídas.
Mais informação em Repórteres sem Fronteiras, com a história de um caricaturista condenado a seis anos e meio de prisão, na China, por "incitamento à subversão do poder do Estado".
E cartoonista israelita despedido depis de caricaturar Netanyahu e outros membros do Likud como os porcos de George Orwell.