Jornalistas são mortos quando ninguém se importa

Figuras poderosas silenciaram, no espaço de um ano, vários repórteres de investigação, entre eles Daphne Caruana Galizia, de Malta, Viktoria Marinova, da Bulgária, Ján Kuciak, da Eslováquia, e Mario Gomez Sanchez, um dos muitos jornalistas mortos no México.
O movimento de combate à corrupção Transparency International diz que nove em cada dez jornalistas assassinados desde 2012 foram mortos em nações consideradas muito corruptas. O crime encomendado de Kuciak e da sua noiva, ambos com 27 anos, levou à queda do primeiro-ministro da Eslováquia.
“Quando é morto um jornalista, toda a sociedade sofre” - disse a escritora Margaret Atwood no primeiro aniversário do atentado à bomba que matou Caruana Galizia, na ilha de Malta. “Perdemos o nosso direito de saber, de falar, de aprender.”
Anne Applebaum, comentadora no Washington Post, afirmou que as mudanças tecnológicas aumentaram a pressão sobre os políticos corruptos - e sobre os jornalistas que os denunciam. Essas mudanças tornam mais fácil aos primeiros a colocação do dinheiro fora dos seus países, mas podem também capacitar os jornalistas a seguirem o seu rasto.
“Os autocratas estavam habituados a amordaçar a circulação de notícias nos seus próprios países, mas a tecnologia permite hoje a qualquer pessoa com um smartphone, na Arábia Saudita, ler o que Khashoggi escreveu no Post” - acrescenta.
O Committee to Protect Journalists costumava dar formação, a repórters em locais perigosos, sobre como escapar de raptores - disse ainda Kathleen Carroll. Actualmente, essa formação pode ser, também, sobre spyware dos governos a tentar infectar o telefone e o computador, ou a procurar acesso às suas contas online.
Segundo Margaret Atwood, o memorial que tinha sido plantado, como exigência de justiça no caso de Caruana Galizia, “foi repetidas vezes demolido por trabalhadores do governo”.
Foram necessários activistas a guardarem o memorial, durante a noite de sábado e no domingo passado, quando centenas de pessoas vieram homenagear a memória da jornalista assassinada.
O texto aqui citado, na íntegra, no site Poynter.org