Jornalistas russos despedidos geram solidariedade
Tudo começou com um artigo publicado a 17 de Abril, no qual os autores afirmavam que Valentina Matvienko, presidente do Conselho da Federação, a Câmara alta do Parlamento russo, “seria em breve substituída por um dos chefes dos serviços de informações, Sergueï Narychkine”.
“Para além da sorte destes dois próximos do Presidente Vladimir Putin, os jornalistas descreviam a reorganização que estaria a ser congeminada no seio da guarda mais chegada ao Kremlin. Estas revelações, baseadas em fontes anónimas, teriam desagradado muitíssimo ao Kremlin, que o fez saber a Alicher Ousmanov.”
Os próximos do oligarca defendem-se da acusação de ingerência, garantindo que o patrão do Kommersant “nunca interferiu com a política editorial”, mas os jornalistas contam outra versão:
“O accionista pediu que fosse revelada a identidade das fontes. Os autores recusaram. Depois disso, foi decidido despedi-los” - explica a carta colectiva, que defende os seus companheiros, “brilhantes jornalistas profissionais”, e o seu dever de “se apoiarem em fontes fiáveis e experimentadas”.
“Esta não é a primeira crise do Kommersant, um jornal com 30 anos, nascido na altura da perestroika e ‘ferro de lança’ da Imprensa livre nos anos de 1990 e princípios de 2000. Desde que foi comprado por Alicher Ousmanov, em 2006, tornou-se mais comedido, mas continuava a ser uma fonte de informação fiável, de tom regularmente crítico e irónico.”
“Distante da propaganda dos grandes media, o Kommersant, com os seus cerca de 85 mil exemplares, tinha conseguido manter-se um diário de referência. Até agora.”
A notícia aqui citada, na íntegra em Le Monde.