Jornalistas deverão ser curadores seleccionando conteúdos em harmonia com os leitores
Com a democratização do acesso à internet e às informações disseminadas “online”, o consumo de notícias fidedignas deixou de ser suficiente para os cidadãos que querem manter-se a par da actualidade, afirmou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Agora, destacou o autor, as notícias deixaram de ser uma verdade absoluta e, por isso, devem ser, apenas, um ponto de partida para uma pesquisa mais aprofundada sobre um determinado tema.
Conforme apontou Castilho, isto acontece, sobretudo, porque uma mesma informação pode ter interpretações diferentes, dependendo do sector de actividade, ou dos interesses dos leitores de informação.
Ou seja, conforme exemplificou o articulista, uma notícia sobre a valorização do dólar pode ser considerada positiva para quem é exportador, uma catástrofe para quem depende da importação, ou uma arma político/eleitoral para um candidato presidencial.
Ora, esta é uma mudança de atitude que afecta, profundamente, a forma como a imprensa e o jornalismo autónomo abordam uma mesma notícia, disse Castilho.
Além disso, os jornalistas estão condicionados pelas suas próprias experiências e ideologias, por muito que tentem exercer as suas funções da forma mais objectiva possível.
E estas limitações humanas, continuou Castilho, não servem, de maneira satisfatória, os consumidores da era digital, que têm acesso a uma imensidão de diferentes perspectivas, com apenas um “click”.Perante esta nova realidade, prosseguiu o autor, os jornalistas deverão assumir o papel de curadores, seleccionando os conteúdos de acordo com os interesses de diferentes públicos, para que todos os cidadãos tenham acesso a informações fidedignas, independentemente do seu contexto socioeconómico.
Outubro 21
Por sua vez, os consumidores de notícias deverão modificar o seu posicionamento, e assumir uma conduta crítica.
Isto não significa, contudo, que os leitores devam ser cépticos quanto ao trabalho desenvolvido pelos profissionais dos “media”. Em vez disso, deverão procurar contextualizar a informação que consomem, e procurar respostas concretas, consoante as suas circunstâncias pessoais.
Castilho sublinha, neste contexto, que as empresas jornalísticas deverão afastar-se das agendas noticiosas pré-estabelecidas, já que a forma de interpretar a realidade está a alterar-se, caracterizando-se por uma maior pluralidade de perspectivas e contextos.
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