Em declarações a Le Monde, o director e chefe de redacção de Libération, Laurent Joffrin, afirmou que, sem qualquer presunção de culpabilidade, estava em curso uma investigação interna para saber o que se passou: 

“Não temos nada a esconder. Somos nós que damos a informação. Reagimos de imediato. (...) Tudo se passou no Twitter. (...) As pessoas agem aí fora do jornal, mas continuam ligadas. É uma situação ambígua”  -  afirmou.  

A revelação deste caso começou com um artigo de 8 de Fevereiro, no Checknews, o site de fact-checking do Libération, sobre a actividade de um grupo privado no Facebook, intitulado “Liga do LOL”, constituído por cerca de três dezenas de jornalistas e outros comunicadores, acusados de terem exercido, pelo Twitter, agressões online no início da década de 2010. 

Várias vítimas surgiram, no fim-de-semana, a testemunhar. Segundo Le Figaro, que aqui citamos, a ex-jornalista Capucine Piot conta ter sido alvo de fotomontagens ou vídeos fazendo troça, com criticas à sua aparência, “durante anos”. 

O blogger Matthias Jambon-Puillet descreveu, no site Medium, insultos anónimos, “gravações sarcásticas” e fotomontagens, uma delas pornográfica, enviada em seu nome a menores de idade.  

Vários membros desta “Liga do LOL”, na sua maioria hoje na casa dos 30 anos, tentaram explicar-se. “Eu vi que determinadas pesoas eram regularmente tomadas por alvo, mas não adivinhava a extensão e os traumas sofridos”  - escreveu David Doucet, o chefe da redacção digital de Inrocks. “Peço desculpa a todos quantos possam ter-se sentido agredidos, mas não posso assumir só por mim todas as ordinarices que as pessoas tenham feito, nessa altura, pela Internet.” 

“Isto correspondia a uma época em que era de bom tom fazer humor negro, ter graças opressivas. (...) Queria ser engraçado quando, de facto, estava a ser estúpido”  -  disse, pelo Twitter, o YouTuber Guilhem Malissen. (...) 

A associação SOS – Racisme pediu ao Ministério Público de Paris a abertura de um inquérito preliminar: 

“Os argumentos usados para fazer ‘quebrar’ os alvos dos seus ataques são eloquentes: sexismo, homofobia, bem como racismo, fazem parte dos que foram maciçamente utilizados, sem que toda a verdade tenha sido tornada pública”  - afirma em comunicado. 

Uma jornalista visada contou ao Libération ter sido “destruída psicologicamente” e ter mesmo chegado a “uma tentativa de suicídio”, enquanto outras “estiveram, e estão ainda, de baixa médica”. 

Segundo Le Monde, uma das pessoas despedidas contestou o seu despedimento, afirmando que não tem “qualquer fundamento”. (...)

 

Mais informação em Le Figaro  e Le Monde, cabendo ao Libération a ilustração editada.  O vídeo de Le Figaro, que sintetiza a natureza dos ataques e o testemunho, tanto das vítimas como dos autores.