Jornalistas brasileiros não querem “morder o anzol” de Bolsonaro…
Escreve Carlos Wagner:
“Aqui, no Brasil, Bolsonaro segue o modelo Trump de se relacionar com a Imprensa. Nós, repórteres, não podemos repetir o erro dos nossos colegas americanos e nos engalfinharmos em uma briga com o Presidente eleito, deixando de lado o que interessa. Claro, não é fácil, porque há personagens no grupo político do eleito que desfilam um rosário de asneiras impressionante. O próprio Bolsonaro tem um discurso que lembra a Guerra Fria (1947 a 1991), quando o mundo era dividido entre capitalistas e comunistas.”
“E foi por conta do seu discurso contra os comunistas que Bolsonaro levou a primeira bola nas costas. O governo de Cuba rompeu, de maneira unilateral, o contrato com o programa Mais Médicos e retirou 8.500 dos seus profissionais do Brasil. Não deu o gostinho para Bolsonaro de romper o contrato.”
“A reacção do Presidente eleito foi lembrar que Cuba é uma ditadura e que os médicos cubanos realizam trabalho escravo no Brasil. Facto. Centenas de pessoas em favelas e sertões ficaram sem médico. Os cubanos ganhavam R$ 10 mil (sendo R$ 7 mil para o governo de Cuba, e o resto para eles). Nos padrões dos ganhos dos médicos brasileiros, R$ 10 mil é troco. Dificilmente vão trocar as cidades médias e grandes pelos vilarejos e pelas favelas.” (...)
Carlos Wagner menciona a seguir o problema da criação de novos empregos, que, “num país com 14 milhões de desempregados, é um assunto muito sério”. O Presidente Lula da Silva, como conta, tinha uma promessa de campanha de criar dez milhões de empregos durante o seu primeiro mandato e conseguiu apenas seis. “Qual o número de empregos que o novo governo pretende gerar e como chegará lá? Paulo Guedes [o indigitado novo ministro da Economia] é o cara para dar essa resposta.” (...)
O autor refere-se também ao juiz Sérgio Moro, que deverá esclarecer o ocorrido com a Operação Ouvidos Mocos, sobre desvio de verbas na Universidade Federal de Santa Catarina - que levou ao suicídio do então reitor, Luiz Carlos Cancellier. E conclui:
“O governo eleito pode ‘vender o seu peixe’ nas redes sociais. Para nós, ele vai ter que responder a perguntas. Se não responder, já é uma resposta. É simples assim.”
O texto citado, na íntegra no Observatório da Imprensa