Jornalistas afectos a partidos políticos perdem credibilidade
A polarização e as notícias tendenciosas são as principais ameaças ao exercício do jornalismo, concluíram os participantes no primeiro dia do ciclo de debates FAPE-Repsol 2022, que juntou diversos especialistas em “media”.
De acordo com uma nota da Federação de Associações de Jornalistas de Espanha (FAPE), para os palestrantes deste encontro, os riscos enfrentados pelo trabalho jornalístico têm vindo a agravar-se nos últimos anos, especialmente desde o início da pandemia.
"Se este debate tivesse ocorrido em 2019, teríamos falado de precariedade. Hoje, falamos de ameaças físicas", disse Raquel Pérez Ejerique, directora de notícias da Rádio e Televisão da Comunidade Valenciana, que moderou o debate.
Da mesma forma, Anabel Díez , jornalista do “El País” e presidente da Associação de Jornalistas Parlamentares, sublinhou que o assédio aos “media” tem sido promovido pelas figuras políticas e pela polarização da sociedade.
Também Concha Pombo, directora de Informação da Corporación de Radio y Televisión de Galicia (CRTVG), apontou a polarização como a “grande ameaça” ao jornalismo, uma vez que “constitui um risco para os valores mais importantes da imprensa, tais como a independência”.
Pombo recordou, neste âmbito, que alguns jornalistas estão a utilizar as redes sociais para práticas tendenciosas, enaltecendo certas ideologias, e ridicularizando o trabalho desenvolvido por outros colegas.
Já Nemesio Rodríguez, presidente da FAPE, destacou que o jornalismo está a ser prejudicado pelos profissionais que estabelecem ligações com partidos políticos, ou que dão prioridade ao entretenimento, em lugar da informação fidedigna.
“Sujeito ao partidarismo, o jornalismo perde a independência, o rigor, a pluralidade, a credibilidade e, como consequência, anula a sua função primordial de garantir o direito dos cidadãos à informação verdadeira, independente e plural”, sublinhou.
Abril 22
Por fim, Carmen Torres Palmero , directora de Conteúdo Informativo e Transformação Digital do Canal Sur, recordou que “as ameaças externas" – executadas por forças políticas – estão a resultar na perseguição e detenção de jornalistas. Por outro lado, as “ameaças internas” – realizadas pelos próprios colaboradores dos “media” – promovem a “descredibilização” da profissão.
O segundo dia do ciclo de debates FAPE-Repsol 2022 acontecerá no dia 12 de Maio, de forma presencial e via “streaming” , com o mote “Alfabetização mediática: como educar para lidar com a desinformação”.
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