Jornalista saudita desaparecido no seu consulado em Istambul
O embaixador saudita em Ankara foi chamado por duas vezes ao ministério turco dos Negócios Estrangeiros, sendo-lhe requerida a total cooperação com a investigação em curso.
Segundo a revista L’Obs, Jamal Khashoggi é um jornalista de renome, conhecido pela sua franqueza de escrita e, nos últimos tempos, pela sua atitude crítica em relação ao regime saudita, apesar do programa de reformas em curso pelo príncipe Mohammed bin Salman.
Numa entrevista concedida, em Março, à Columbia Journalism Review, afirmou que ele próprio tinha lutado por essas reformas, mas que a política mais recente agravou a intimidação, a concentração do poder e as restrições à liberdade de expressão, incluindo prisão de jornalistas e intelectuais.
Ainda segundo L’Obs, Jamal Khashoggi “teve uma carreira movimentada. Cobriu vários conflitos e entrevistou várias vezes, no Afeganistão e no Sudão, o antigo dirigente da Al-Qaida, Osama Bin Laden”.
“Considerado demasiado progressista, tinha sido forçado à demissão, em 2003, das funções de chefe de redacção do diário saudita Al-Watan. Voltou em 2007, mas teve de sair outra vez em 2010, depois de um editorial considerado ofensivo para os salafistas, corrente rigorista do Islão que preconiza uma obediência total ao governante.”
“Manteve durante muito tempo relações ambíguas com o poder saudita, tendo ocupado postos de conselheiro, nomeadamente junto do antigo embaixador em Washington, o príncipe Turki al-Faiçal, que dirigiu também os serviços de informações sauditas.” (...)
O próprio Khashoggi descreve a sua experiência na referida entrevista à CJR:
“Fui repórter de uma quantidade de jornais, cobrindo a guerra no Afeganistão e a guerra do Golfo. Especializei-me no Islão político e consegui muitos exclusivos. Mais tarde fui editor do jornal Al-Watan. Também trabalhei nos meios diplomáticos, como conselheiro do embaixador no Reino Unido e nos Estados Unidos. Tentei fundar um canal noticioso. Falhei. Tive-o a transmitir durante onze horas, e chegou uma ordem para o fechar. Acredito no jornalismo livre, apesar de todas as limitações que tivémos. Sempre procurei forçar os limites. Sempre desejei ter mais espaço.” (...)
Mais informação em L’Obs, na CJR e em The Guardian