Jornalista russa que exibiu cartaz em directo está “preocupada”
A jornalista Marina Ovsyannikova, que interrompeu um boletim noticioso do canal russo Channel One, para se manifestar contra a guerra russo-ucraniana, disse estar “extremamente preocupada" com a sua segurança.
Ainda assim, aquela profissional afirmou não estar arrependida, reiterando que “não retira uma única palavra”.
Em entrevista para o “Guardian”, Ovsyannikova explicou que foi colaboradora do canal estatal Channel One durante vários anos, tendo colaborado em campanhas de propaganda, para enaltecer as acções do Kremlin.
No entanto, aquela profissional revelou que, com o passar do tempo, foi alterando a sua visão política.
“Primeiro, o Kremlin cancelou as eleições para o cargo de Governador. Depois, começaram a perseguir a imprensa independente, e envenenaram o líder da oposição, Alexei Navalny”, pormenorizou. “A minha raiva continuou a crescer. A guerra foi a ‘última gota’, e decidi agir”.
Como tal, Ovsyannikova , que trabalhava como produtora, disse não estar arrependida de ter denunciado, através de um cartaz, que o Channel One “mentia” e divulgava propaganda governamental.
Numa outra entrevista, à Reuters, aquela profissional explicou: “Não me arrependo daquilo que fiz, mas agora percebo que terei de enfrentar muitos problemas, e estou muito preocupada com a minha segurança”.
Ovsyannikova acrescentou, ainda, que a sua mensagem teve como principal objectivo alertar os cidadãos russos. “Não sejam ‘zombies’, não acreditem na propaganda. Aprendam a analisar informação, aprendam a encontrar outras fontes noticiosas, não se cinjam à televisão estatal russa”.
Março 22
Após o seu apelo à paz, Marina Ovsyannikova foi detida pelas autoridades russas, tendo comparecido num tribunal em Moscovo, sob a acusação de partilhar notícias falsas. Esta profissional, para já multada em 30 mil rublos (256 euros), poderá ser condenada até dez anos de prisão.
Ainda assim, conseguiu deixar uma mensagem nas redes sociais.
“Infelizmente, nos últimos anos, trabalhei no canal federal, ajudei o Kremlin na propaganda, e tenho vergonha do que fiz”, diz no vídeo. “Nós calámo-nos em 2014. Não dissemos nada quando Navalny foi envenenado.”
No vídeo, Ovsyannikova diz, ainda, que o que está a acontecer na Ucrânia é “um crime” e que a Rússia é “o agressor”. “E a responsabilidade por essa agressão recai, apenas, na consciência de uma pessoa, e essa pessoa é Vladimir Putin.”
Posto isto, a profissional apelou ao protesto dos cidadãos russos. “Não tenham medo de nada, eles não podem prender-nos a todos”.
Desde o início da guerra russo-ucraniana que o Kremlin tem vindo a aumentar o nível de perseguição a títulos independentes, tanto nacionais, como internacionais. Além disso, várias redes sociais suspenderam a sua actividade na Rússia, limitando o acesso dos utilizadores da internet a informações fidedignas.
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