Jornalista Prémio Nobel luta pela liberdade de imprensa nas Filipinas…
Em Outubro de 2021, os jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov, que lutam pela liberdade de expressão e contra o autoritarismo nas Filipinas e na Rússia, respectivamente, foram distinguidos com o Prémio Nobel da Paz.
Recentemente, Muratov suspendeu o seu trabalho jornalístico, depois de o governo russo ter ordenado o encerramento da publicação que coordenava, a “Novaya Gazeta”, ao abrigo das novas leis de imprensa, impostas após o início da invasão da Ucrânia.
Por sua vez, Ressa continua a coordenar as operações no “Rappler”, jornal independente que ajudou a fundar, e que ficou conhecido por reportar sobre as acções do Presidente filipino, Rodrigo Duterte, apesar das crescentes restrições à imprensa.
Contudo, conforme contou Ressa num artigo publicado, em 2019, na “Columbia Journalism Review”,e recuperado recentemente, o seu trabalho enquanto jornalista e defensora da liberdade de imprensa tem sido atribulado.
De acordo com Ressa, as restrições ao jornalismo independente nas Filipinas começaram a agravar-se em 2016, quando Duterte assumiu a presidência do país, após ter realizado a sua campanha através das redes sociais.
Desde então, Duterte tem coordenado várias campanhas de desinformação no Facebook, que visam reforçar o seu poder, e descredibilizar o trabalho dos jornalistas, bem como os relatórios publicados pelas organizações de defesa dos Direitos Humanos.
“O Presidente ataca os jornalistas de forma directa”, explicou Ressa. “A primeira vítima foi o ‘Philippine Daily Inquirer’, o maior jornal filipino publicado em inglês. Depois, Duterte foi atrás da ABS-CBN, o mais importante conglomerado de ‘media’ nacional”.
Abril 22
“O ‘Rappler’ foi o terceiro alvo”, continuou Ressa. “Duterte declarou que o nosso jornal era ‘controlado por norte-americanos’. Isto é mentira, até porque os nossos principais accionistas são filipinos. Após este incidente, escrevi nas redes sociais que o Presidente se tinha enganado. Uma semana depois, comecei a ser perseguida pelas autoridades”.
Assim, em 2019, Maria Ressa foi obrigada a passar a noite na prisão. Contudo, na sua primeira conferência de imprensa após a detenção, este profissional falou, directamente, com os jornalistas, pedindo-lhes que não se deixassem silenciar.
Agora, Ressa continua a trabalhar para que as autoridades internacionais estejam atentas ao panorama filipino, apesar de enfrentar processos judiciais quase todos os dias.
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