Jornalismo “rendido” aos algoritmos e aos “clicks” dos leitores
Nos últimos anos, o sector dos “media” iniciou a sua digitalização, criando “websites” para publicar conteúdos noticiosos acessíveis em qualquer parte do mundo, e acompanhando os novos modelos de consumo.
Este processo fez-se acompanhar do aparecimento de ferramentas de análises de dados, que permitem registar o tipo de artigos que mais interessam os leitores, de forma a adaptar as ofertas das publicações mediáticas, e conquistar um maior número de subscritores.
Desta forma, e à medida que o jornalismo foi ficando mais dependente da tecnologia, as redacções transformaram-se em centros de controlo, que recorrem a números e gráficos para ditar o dia-a-dia dos profissionais dos “media”, alertou Lucia Méndez num artigo publicado nos “Cuadernos de Periodistas”, editados pela APM, com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Agora, frisou Méndez, o jornalismo deixou de ser o principal tema de discussão nas redacções, já que os números e resultados estatísticos assumiram o protagonismo.
Este é um cenário que, de acordo com a autora, tem vindo a preocupar diversos especialistas em “media”.
É esse o caso do investigador CW Anderson, que afirma que os jornais deixaram de pensar nos seus leitores enquanto indivíduos complexos, e passaram a tratá-los enquanto algoritmos.
Isto veio, também, alterar a estrutura dos “sites” noticiosos, disse Méndez. Ou seja, os editores deixaram de organizar as “homepages” das plataformas consoante a relevância de cada artigo, mas de acordo com as peças que irão gerar mais “clicks”.
Outubro 21
Esta é, igualmente, uma estratégia crucial para a sustentabilidade financeira dos títulos, já que os investimentos publicitários variam consoante o número de leitores de cada “site”.
Assim, se quiserem continuar a trabalhar, os editores dos títulos terão, por vezes, que ignorar os seus próprios intuições, bem como o seu compromisso com as normas éticas.
Aliás, no caso do jornal britânico “Daily Telegraph” este modelo atingiu um novo patamar, já que o director do título, Chris Evans, está a considerar passar a remunerar os seus colaboradores consoante o número de “clicks” e de subscritores que atraem.
Isto significa que, actualmente, o mais importante deixou de ser cumprir os critérios jornalísticos e informar eficazmente, mas organizar a informação de forma atractiva.
Ainda assim, continuou Méndez, há quem diga que todas as críticas são “fruto da nostalgia romântica” do modelo jornalístico do passado.
Por isso mesmo, rematou a autora, e perante as rápidas alterações do sector mediático, talvez seja inútil tentar resistir à mudança.
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