Jornalismo qualificado para combater a desinformação
O debate público surgiu com perda de confiança nas redes sociais, desde o escândalo da Cambridge Analytica e as subsequentes vitórias eleitorais de partidos radicais ou de candidatos populistas nos EUA, Brasil e Itália.
O perigo que agora correm é passarem a ser considerados, legalmente, como editores de conteúdos, e não como meros intermediários.
A empresa de Mark Zuckerberg, baseia-se numa premissa: apenas exclui conteúdos se violarem as suas condições de utilização, especialmente no que se refere à incitação ao ódio, abuso ou conteúdo ilegal.
Tudo passa por um algoritmo de detecção , que o próprio utilizador acciona de cada vez que acede, faz um clik, insere ou descarrega informação, que, uma vez recolhida, é analisada para emitir centenas de milhares de sinais que tentam fazer uma previsão do conteúdo de cada mensagem.
O WhatsApp já tomou algumas medidas. Reduziu para cinco vezes a capacidade de cada conta para reencaminhar conteúdos. Na mesma lógica, estabeleceu o número máximo de 256 utilizadores para cada grupo.
No entanto, sendo um serviço de mensagens, também propriedade do Facebook, é um meio de transmissão de desinformação muito opaco, e não permite monitorizar os conteúdos das mensagens. Trata-se de uma plataforma para comunicar com pessoas que temos na nossa agenda, e, por esse motivo, o nível de confiança da informação que recebemos por esta via tende a ser mais alto.
No Twitter as mensagens relacionadas com a polarização estão em andamento há muito tempo, trabalham em ideias de longo prazo, as campanhas difundidas por essa via não parecem realmente decisivas em si mesmas.
No caso da Google, a companhia treina jornalistas no uso de ferramentas de verificação de dados e tem investido, no que chama de “compromisso com o jornalismo de qualidade”.
Já a plataforma de localização de vídeos You Tube, tem uma abordagem diferente para combater a desinformação - usa o chamado "filtro de bolhas”.
Pablo Romero chama à atenção para a especialista em cibersociedade, Marta Peirano, que aponta como fenómeno característico das redes sociais o uso de algoritmos. Especialmente no Facebook, decidem não só a quem chegam os anúncios e a propaganda política, mas também a quem essa informação não é distribuída.
Para a investigadora Loreto Corredoira, da Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Complutense de Madrid, a desinformação é preocupante na medida em que "qualquer processo de confusão ou falta de informação clara afecta as decisões". Acrescenta, ainda, que há “falta de tempo e atenção para decidir, o que é crucial para pensar e decidir livremente”.
Deste ponto de vista, o impacto da desinformação, preconceito, manipulação e abuso de robôs afectam a maneira de entender o direito à informação na rede, e pode alterar a liberdade e a justiça na disputa política. Daí poder concluir-se que para combater a desinformação, é ainda mais necessário, "um jornalismo muito profissional, bem-dotado de recursos humanos e técnicos".
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