Jornalismo no Quebec enfrenta manifestações hostis
Os jornalistas começam, agora, a enfrentar uma crescente onda de hostilidade na província canadiana do Quebec, onde as redes sociais têm vindo a promover a desconfiança relativamente aos “media”.
Quem o diz é a jornalista Katerine Belley-Murray que, em entrevista para o “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria, explicou o panorama mediático naquela província francófona.
Conforme apontou Belley-Murray, tal como acontece noutras partes no mundo, os cidadãos que vivem no Quebec passaram a recorrer mais frequentemente às redes sociais para se manterem informados quanto à actualidade.
Assim, estes utilizadores são expostos a “fake news”, e a comentários de ódio, que tentam minimizar o trabalho dos jornalistas. Aliás, um estudo revelou que, em 2021, pelo menos 1093 profissionais dos “media” foram vítimas de assédio “online”.
Belley-Murray admite, por outro lado, que as redes sociais têm algumas vantagens, ao permitirem a rápida disseminação de notícias, e fazendo com que os artigos de pequenos jornais locais cheguem a várias partes do mundo.
Além disso, o governo canadiano está, agora, a negociar acordos com as gigantes tecnológicas, de forma a garantir que os “media” sejam pagos pelos conteúdos utilizados pela Google e pelo Facebook nas suas plataformas agregadoras.
Ainda assim, os “media” quebequenses enfrentam outros desafios, incluindo a falta de diversidade nas redacções.
Março 22
De acordo com Belley-Murray, a maioria dos jornalistas quebequenses são de origem caucasiana, o que condiciona a pluralidade e os pontos de vista disseminados pelas publicações daquela província.
Ademais, os jovens profissionais de minorias étnicas não têm uma boa visão dos “media”, pelo que não manifestam qualquer desejo de trabalhar no sector, apesar dos incentivos accionados pelo governo.
Outro dos problemas é o facto de o Quebec ser uma região francófona. Assim, a maioria dos imigrantes opta por trabalhar nas publicações de outras partes do Canadá, onde se fala inglês.
No entanto, continuou Belley-Murray, o panorama mediático no Quebec tem aspectos positivos: há diversas publicações locais e regionais, que espelham os acontecimentos das comunidades, além de os jornalistas usufruírem de liberdade de imprensa.
Os temas abordados variam entre a realidade provincial, nacional e, ainda, as grandes questões da actualidade, tais como a pandemia, e a guerra russo-ucraniana.
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