Jornalismo menos robusto fica mais exposto a ser capturado por interesses e pressões

São os seguintes os cinco pontos pelos quais se reparte a sua reflexão:
- – Movemo-nos de um mundo em que os media eram “guardiões” para um outro em que os media ainda são criadores da agenda noticiosa, mas são as plataformas que controlam o acesso às audiências. (...) Os meios digitais permitem a qualquer pessoa com acesso à Internet publicar, resultando daqui um ecossistema mediático cada vez mais povoado, onde os media têm de concorrer pela atenção com todos os outros, desde os utentes, celebridades influencers, grandes empresas, ONG’s, movimentos sociais e políticos.
- – Esta passagem aos meios digitais não cria, geralmente, as bolhas de filtro. Em vez disso, o acaso automático e a exposição casual conduzem as pessoas a cada vez mais diversas fontes de informação. (...) Para a maior parte das pessoas, o uso dos meios digitais está associado a um noticiário mais diverso, mas há o risco da desigualdade de informação, bem como da polarização política. São riscos baseados em factores políticos e sociais, mas que podem ser amplificados pela tecnologia.
- – O jornalismo está a perder, com frequência, a batalha pela atenção das pessoas e, em vários países, pela sua confiança. (...) Para muitas pessoas, as notícias são apenas uma parte do seu uso da Internet. Uma grande parte do público interroga-se sobre se o jornalismo está a ajudá-las nas suas vidas, e em muitos países as pessoas duvidam mesmo se podem confiar nas notícias.
- – Os modelos de negócio que sustentam o jornalismo estão ameaçados, enfraquecendo o jornalismo profissional e deixando os meios noticiosos mais vulneráveis às pressões comerciais e políticas. (...) Nos media digitais, os modelos sustentáveis apontam sempre para redacções mais reduzidas do que nos meios tradicionais. Um jornalismo menos robusto fica mais exposto a ser capturado pelo Estado ou patrões politicamente motivados, bem como às pressões dos anunciantes.
- – O noticiário é mais diverso do que nunca, e o melhor jornalismo, em muitos casos, melhor do que nunca, chegando a todos, desde os políticos mais poderosos até às maiores empresas privadas. (...) Apesar do facto de muitos repórteres continuarem a ter de produzir muito em pouco tempo, e sob a pressão dos clickbaits, também há meios digitais que deram espaço a vozes marginalizadas e estão a desenvolver outros modos de trabalho, envolvendo-se com a sua audiência, criando equipas de “verificação de factos” e agrupamentos de jornalismo de investigação em colaboração internacional.
Mais informação no Observatório Europeu do Jornalismo e o relatório do Instituto Reuters, acessível em PDF