“É evidente que os métodos mudaram e que as plataformas são distintas, mas as possibilidades, surpreendentemente e em plena crise, ampliam-se de modo extraordinário no futuro”  - disse Victoria Prego. Segundo a Servimedia, sublinhou a “infinidade de possibilidades que hoje devem ser aproveitadas”, desde o tempo em havia apenas “quatro jornais, quatro canais de televisão e quatro estações de rádio”. 

Mas há elementos que permanecem e, para Victoria Prego, a independência é imprescindível para manter o crédito profissional. Ora, o jornalista “é alguém que se torna incómodo, porque uma noticia é algo que alguém não quer que se publique”. 

Uma das primeiras ameaças é a que vem da “pressão do poder político”, e “todos os partidos políticos, sem excepção, querem ter do seu lado um jornalista alinhado; e por desgraça, muitos partidos conseguiram isso”.

 

Como afirmou Victoria Prego, “há jornalistas que trabalham ou estão ao serviço dos interesses particulares de um partido político”; sempre os houve, mas “causam um dano enorme ao crédito e prestígio da profissão”.

O jornalista que abdica da sua independência “deveria estar profissionalmente morto”, mas “sobrevive muito melhor que o jornalista independente”, não sendo, embora, “um autêntico jornalista, mas sim um propagandista”.

 

Outra ameaça vem da insegurança laboral. Como disse Victoria Prego, “quando se remuneram os jornalistas de uma forma miserável, ataca-se a possibilidade de exercerem o seu trabalho com independência”.

 

Mesmo vivendo nesta situação “incerta e inquietante”, Victoria Prego elogia o bom jornalismo que tem sido feito em Espanha:

“Se não fosse pelo trabalho realizado pelos jornalistas espanhóis nos últimos 30 anos, o país estaría completamente apodrecido”  -  disse, referindo-se aos casos de corrupção denunciados pela Imprensa, que “obrigaram os partidos políticos a comprometer-se na luta contra a corrupção” e ao Governo “a propor e aprovar leis muito mais restritas no que se refere à Administração Pública” e a sanções por corrupção.

 

Sublinhou também a necessidade de reflectir sobre a tendência actual para o “jornalismo espectáculo”, que “causa dano à sociedade”, em vez de a servir. E exortou os jovens estudantes de jornalismo a adquirirem uma boa formação, que lhes dê “as ferramentas de análise que permitem observar e compreender a realidade”, para assim saberem transmiti-la aos cidadãos.

A reportagem da APM e da agência Servimedia