O seu objecto de atenção é um conjunto de qualidades que definem a atitude mental de um jornalista, e que podem encontrar-se no candidato “desde o primeiro semestre da graduação”: 

“No início ou fim da faculdade. Medíocre ou estelar. Mas em formação. É uma condição que, semelhantemente aos estados físicos da água, pode ser mudada e quimicamente trabalhada.” (...) 

O autor escreve que esse quadro mental [mindset, no original], “especialmente nos dias actuais, deve ir além da reedição de textos de assessoria de imprensa, ou das aspas burocráticas de notas frívolas”: 

“Mesmo nos textos fechados de assessoria, no silêncio de fontes e no desinteresse de relações públicas que praticamente blindam fontes e instituições, é possível fazer bom jornalismo.” 

“Um press-release de um balanço financeiro que exalta logo nas primeiras linhas o crescimento da receita pode esconder um belo prejuízo. E em alguns casos, um prejuízo pode reflectir planos de investimento e expansão agressivos, condizentes com a estratégia de longo prazo de uma empresa.” 

“O mindset do jornalista actual inclui, mas não se limita ao zelo pela apuração consistente, ao hábito de ligar e buscar fontes, ao olho atento pelos dados escondidos e a criatividade para ir além das fontes convencionais e burocráticas.” (...) 

Leonardo Siqueira conclui: 

“Aprendi que insistência, criatividade, boas fontes, apuração atenta e coragem para perguntar nem sempre são habilidades ensinadas na faculdade. Mas podem ser treinadas. Antes ou depois dela. Quanto antes, melhor.”

 

O texto citado, na íntegra no Observatório da Imprensa