Jornalismo de “trincheira” marcado pela conduta política ou ideológica
O panorama jornalístico alterou-se, significativamente, com a chegada da pandemia, já que os profissionais dos “media” passaram a desempenhar um papel crucial para a segurança dos cidadãos, reconquistando a confiança das audiências.
Assim, os “media” começaram a publicar relatórios diários, com as estatísticas sobre a pandemia, bem como artigos informativos sobre os efeitos da doença, tanto a nível de saúde pública, como no âmbito social, político e económico.
Contudo, e apesar dos esforços, os “media” apresentaram lacunas em algumas áreas, defendeu Miguel Ormaetxea num artigo publicado no “site” Media-tics, com base no relatório "Repensar o amanhã. O maior risco é não aprender nada", da Fundación Telefónica.
Segundo recordou Ormaetxea, o relatório baseou-se em declarações de diversos jornalistas, que reflectiram sobre o trabalho que têm vindo a realizar desde Março de 2020.
Na sua maioria, os jornalistas destacaram que houve uma vaga de “sobre-informação”, o que também pode ser prejudicial para a população, e conduzir ao desgaste psicológico.
Olga Lambea, jornalista do Canal 24 horas da TVE, destacou: "Tem havido muita informação mas quase sempre muito parecida. E é isso que eu acho que faltou aos ‘media’, às redes sociais: encontrar outros caminhos”.
Os profissionais entrevistados destacam, por outro lado, a complexidade deste tema, que deve ser tratado de forma cuidadosa e transparente, para garantir a segurança de todos os leitores e espectadores.
Abril 21
O relatório da Fundación Telefónica destaca, neste âmbito, um estudo da Universidade de Chicago, que analisou o efeito sobre a audiência de dois apresentadores da Fox News, Sean Hannity e Tucker Carlson.
O primeiro minimizou a pandemia, enquanto o segundo alertou a população.
Ora, de acordo com este estudo, a audiência do Hannity apresentou um maior número de infecções, o que ilustra a enorme responsabilidade dos profissionais de informação.
Isto levanta, ainda, outra questão: o negacionismo nas redes sociais.
Estes movimentos foram promovidos por diversas entidades, que visaram menosprezar as consequências do vírus, o que obrigou os jornalistas a empenharem-se na desmistificação de “fake news”.
Este problema foi exacerbado pelos algoritmos das plataformas “online”, que tendem a promover este tipo de conteúdo.
A tudo isto junta-se aquilo que Ormaetxea apelida de “jornalismo de trincheira”, caracterizado pela conduta ideológica ou política, assumida por muitas empresas de “media”.
Perante este cenário, Ormaetxea apela aos jornalistas que “não ofendam o espectador”, oferecendo a melhor informação possível, de forma ética e transparente.
Até porque este é o único método eficaz para ajudar os cidadãos a tomarem decisões bem informadas, que triunfem no mundo (quase) pós-pandémico.
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