Jornalismo de risco para bem informar sobre saúde
Acima de tudo, estes artigos primam pela falta de pormenores necessários, para entender uma patologia.
Assim, é-nos dito, por exemplo, que "fumar aumenta o risco de esquizofrenia", sem que o leitor consiga descortinar se esse risco é comum a todos os fumadores, mesmo os mais casuais, ou se se manifesta apenas após um certo número de cigarros diários e anos de fumo.
Seria, então, desejável que todas estas peças deixassem clara a quantidade ou frequência do comportamento relacionadas com a quebra ou o aumento do risco.
A falha mais gritante é, contudo, a falta de clareza sobre a magnitude do aumento ou redução do risco. Segundo Mezu, são raros os artigos que especificam os riscos tendo em conta a idade, ou características físicas e biológicas do indivíduo.
Assim, o académico considera essencial que os artigos desta índole incluam, sempre, três dados numéricos:
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qual é o risco de base quando essa actividade ou consumo não é realizado;
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qual é a alteração relativa do risco quando o consumo é realizado;
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qual o risco tendo em conta a incidência populacional média da doença.
Com o cruzamento destes dados, a redacção conseguirá apurar o nível de risco de uma forma muito mais fidedigna, fornecendo informações exactas aos seus leitores, sem alarmismos e com objectividade.
Leia o artigo original em “Cuadernos de Periodistas”