Jornalismo de qualidade como antídoto contra o lixo na Internet

Na sua intervenção, o director do ABC afirmou que os media vivem “a maior crise de sempre” e defendeu a necessidade de uma forte intervenção reguladora:
“Segundo os especialistas, a inteligência artificial será, em 2060, mais poderosa que a dos humanos. E isto tem de ser regulado com leis e com os valores que é preciso interiorizar na sociedade para a defender de todos estes ataques que receba.” (...)
Sobre o resultado dessas medidas, a presidente da APM afirmou:
“Parece-me muito difícil que uma lei consiga impedir o fenómeno que está a suceder, já que teriam de ser leis em cada país e a mesma lei, porque o percurso das notícias falsas já não passa pelo papel, mas sim pela Internet. Por isso, não há modo de controlar isto com uma lei. Creio que tem a ver com uma consciencialização da sociedade, que não existe, e com um controlo por parte das grandes plataformas, que têm de assumir a sua responsabilidade. É preciso reajustar o modelo, mas não creio que a lei o resolva.” (...)
Elsa González, ex-presidente da FAPE – Federación de Asociaciones de Periodistas de España, sublinhou a importância da qualidade do trabalho dos profissionais na confirmação e verificação das notícias que envia para publicação. Reconheceu, no entanto, que “isto parece fácil, mas tendo em conta a velocidade que nos é pedida, a instantaneidade e o sensacionalismo, que também passou a impregnar muito mais os meios de comunicação”. (...)
Francisco Moreno, ex-director da Radio Televisión Canaria, comentou:
“O problema que temos actualmente com a sociedade digital é que tudo isto se passa de maneira global e imediata, e é impossível fazer o contraditório e a verificação dos factos. Creio que esse é o grande problema de que vão a sofrer as sociedades do futuro. Estão muito mais contaminadas pela emoção do que pela razão.” (...)
Por seu lado, o presidente da Next IBS – International Business School sugeriu que as fake news podem ser encaradas como uma grande oportunidade para os media:
“Temos a possibilidade de reforçar a credibilidade dos jornalistas que põem o seu nome associado a uma notícia, reforçar a credibilidade dos títulos, marcar a diferença perante os que divulgam notícias falsas e, para já, vou propor uma lista dos meios que dão notícias falsas, para que fique claro quem está de um lado e quem está do outro lado da verdade.” (...)
Também Casimiro García-Abadillo, director do El Independiente, seguiu esta linha de pensamento, concluindo:
“As fake news vão salvar o jornalismo, porque o jornalismo de qualidade será cada vez mais valorizado. O único remédio que existe contra as notícias falsas é o bom jornalismo.”
O artigo citado, na íntegra, na APM, e no site do Fórum Next IBS