Estamos aqui “no oposto da imagem heróica e narcísica do repórter, constitutiva da ideologia profissional de muitos jornalistas”. E também “afastados da pequena mitologia de um ‘quarto poder’, frequentemente atribuído aos media por tradição ou por preguiça intelectual”. 

Esta prática do jornalismo está articulada com uma ideia clara do seu papel no espaço público, a saber “a investigação e a difusão de informações que são escondidas do público”: 

E um dos terrenos do exercício desta prática é o das questões de defesa e relações internacionais, a cujo respeito os autores afirmam que “é anormal que as decisões e análises de política estrangeira escapem ao controlo do Parlamento, demasiadas vezes desprezado, e permaneçam ingoradas pelos Franceses, em virtude do sacrossanto domínio reservado do Presidente da República”. (...) 

Noutro ponto, os dois autores do livro observam: 

“Com raras exepções, os media não são livres e os bons jornalistas têm frequentemente alguma dificuldade em exercer o seu ofício. A propriedade, detida por alguns oligarcas, de vários jornais, cadeias de televisão e estações de rádio, constitui um obstáculo sério à liberdade de Imprensa. Mas a ‘servidão voluntária’, a auto-censura admitida por certos jornalistas e a ausência de questionamento sobre os seus accionistas são outros escolhos à prática deste trabalho. Sem liberdade nem independência, a informação evolui entre a complacência, a conivência e a cumplicidade. Está corrompida.” (...) 

E apontam como exemplo contrário a estrutura de propriedade do Canard Enchaîné, como sociedade anónima de todos os seus trabalhadores (jornalistas, caricaturistas e outros assalariados), cujas acções não podem ser cedidas ou transmitidas a terceiros e, em caso de saída do jornal, são redistribuídas pelos outros membros da equipa; bem como o facto de o jornal não depender da publicidade.   

O artigo de apresentação deste livro, que aqui citamos de Acrimed – Observatoire des Médias, acrescenta que “seria enganoso imaginar que basta não depender das forças do dinheiro para poder investigar com toda a liberdade”. Os dois autores citam a Lei sobre a Informação, votada por proposta do Governo de Valls e promulgada em 24 de Julho de 2015, depois da qual “a razão de Estado tomou claramente a prioridade sobre o Estado de direito”. (...)

 

O artigo na íntegra, em Acrimed