“Eu não luto contra a máquina de propaganda do Kremlin; eu luto para ganhar a confiança da minha audiência”  - afirmou Galina Timchenko, que fundou Meduza em Outubro de 2014, com vários jornalistas despedidos, como ela, do site onde trabalhavam, Lenta.ru

Segundo o artigo que citamos, da International Journalists’ Network, comunicar com a audiência em termos simples e claros, evitando tom de superioridade, são os pontos fortes da Meduza. “Enquanto a cobertura dos media ocidentais tende a focar-se nas maquinações de Putin, a Meduza investe muito em fazer reportagem no terreno, com correspondentes viajando até às mais remotas regiões da Rússia.” [A sede deste website fica em Riga, na Letónia]  

Natalia Anteleva concorda com esta abordagem, explicando que a reportagem no terreno, a ritmo lento, faz com que bons trabalhos possam emergir da massa de desinformação de alta velocidade. 

“Quando um repórter está no campo, e a mandar constantemente notícias, isso compromete a sua capacidade de se distinguir do ruído informativo” – afirma. É por este motivo que os jornalistas da Coda “investem longos períodos de tempo em casos que recebem cobertura superficial dos grandes media; em vez de se focarem sobre as afirmações dos políticos, vão para o terreno comprovar eles mesmos os factos”. (...) 

Segundo Galina Timchenko, a presente desconfiança global em relação aos media tem raízes fundas na sociedade russa, devido ao impacto duradouro da propaganda soviética: 

“A União Soviética produziu fake news durante muitas décadas”  - disse. “Nós vivemos todas as nossas vidas num ambiente cheio de mentiras. A indiferença e apatia da nossa audiência é o resultado disso: as pessoas não acreditam em nada.”

Outra consequência é que este cinismo espalhou-se muito para além das fronteiras russas, promovendo a narrativa de um mundo cheio de mentiras, onde “nada é verdade, mas tudo é possível”. (...) 

 

O texto citado, na íntegra, na International Journalists’ Network