Jornalismo cultural como desafio e estímulo neste século
No texto que citamos - no Observatório da Imprensa do Brasil, com o qual mantemos um acordo de parceria - o autor começa pelas conhecidas más notícias:
“Redações minguadas, editores economizando repórteres que vão para as ruas porque têm pouca gente para cobrir as páginas dentro da redação, salários cada vez mais nivelados para baixo — fruto de uma altíssima demanda, de sindicatos fracos e também de empresas jornalísticas constantemente no vermelho.”
Acrescenta a isto o acesso gratuito a informações jornalísticas, “o que inclui textos profissionais que os grupos de media são impelidos a compartilhar nas redes sociais para não ficarem de fora do circuito”, a proliferação da notícias falsas e, por fim, “um imaginário de certos empregadores que trabalhar com cultura é lazer e, portanto, pode ser mal remunerado ou até feito de graça”.
A primeira boa notícia que dá para a troca é o exemplo de The New York Times, que tem subido nos lucros com assinaturas digitais, “sinal de que existe uma forte probabilidade de tal comportamento virar tendência no resto do mundo, ou seja, do público entender que jornalismo bom é jornalismo pago”. (...)
A segunda boa notícia disponível é, para Franthiesco Ballerini, o surgimento de uma exigência de cobertura de qualidade:
“Os consumidores de informação estão dando conta de que o tempo — para lazer ou trabalho — precisa ser bem aproveitado. Então, não vale a pena perder tempo com fontes que não agregam algo em suas vidas.” (...)
A seguinte tem a ver com a produção cultural no Brasil: “Mesmo nestes últimos três anos em que o Brasil viveu uma de suas piores crises econmicas, produzimos uma média de 115 longas-metragens por ano, centenas de peças teatrais estrearam pelo país, produtoras continuam fazendo séries, minisséries e documentários para os canais de TV” - referindo-se depois o autor aos espectáculos nos grandes estádios e às exibições audiovisuais nos museus de todo o País.
O seu conselho aos jovens profissionais é o de começarem por cursos de especialização, para entrarem no mercado de trabalho com a melhor formação possível, e depois o de se lançarem ao desafio, na atitude de “inovar, testar, ousar”.
E conclui:
“Jornalismo Cultural é uma das editorias de maior índice de leitura no Brasil e no mundo, pois informa e entretém. Sua base — a produção cultural — nunca foi tão grande e diversificada como hoje. Portanto, as razões para investir nesta especialização são maiores do que os entraves actuais do mercado. O copo está meio cheio. Corre lá e bebe.”
O texto citado, no Observatório da Imprensa