Jornal “The Guardian” como exemplo de filantropia mediática

Com a quebra das receitas publicitárias, alguns jornais têm vindo a implementar novos métodos de financiamento. É esse o caso do jornal britânico “ The Guardian”, que, através de um fundo filantrópico, recebe investimentos para realizar reportagens. Entre Abril de 2020 e Abril de 2021, este jornal conseguiu angariar cerca de 7,48 milhões de euros, financiando todos os projectos propostos. Desta forma, a equipa do “Guardian” conseguirá publicar, por exemplo, a série “Rights and Freedoms”, focada em reflectir as liberdades e direitos humanos exercidos um pouco por todo o mundo, alertando, igualmente, para o seu incumprimento. Da mesma forma, este jornal britânico conseguiu financiamento para reportar sobre as desigualdades no acesso a assistência médica, no âmbito da covid-19. Em entrevista para o “Nieman Lab'', a presidente do fundo do “Guardian”, Rachel White, esclareceu que o sucesso desta iniciativa se prende com a sua transparência e com o compromisso perante o jornalismo independente. “Num jornal como o ‘Guardian’, não podemos e não devemos procurar o mesmo tipo de financiamento de redacções mais pequenas, já que temos diferentes fontes de receita, que apoiam a nossa organização noticiosa”, afirmou White. “Temos mesmo que definir o ‘porquê’ e o ‘como’”. Além disso, segundo especificou White, todas as ideias partem da redacção, revelando um compromisso com os valores-notícia. “Todas as ideias para projectos de financiamento partem de editores sénior. Eles partilham aquilo em que estão interessados, e nós tentamos perceber se o projecto é viável”, garantiu. Neste âmbito, a equipa de White analisa as estatísticas do “site” do “Guardian”, para perceber os interesses dos leitores.