Jornal de Hong Kong “Apple Daily” publicou a derradeira edição

O “Apple Daily”, um jornal pró-democracia de Hong Kong, confirmou que vai encerrar actividade, uma semana após as autoridades terem congelado os bens da publicação e detido cinco dos seus responsáveis. Assim, milhares de cidadãos de Hong Kong esperaram em longas filas para comprar a última edição do jornal, que tem sido visado por Pequim. Com uma tiragem habitual de 80 mil exemplares, o título imprimiu um milhão, para responder à elevada procura. Além disso, em entrevista para o “Guardian”, um fotojornalista do “Apple Daily” revelou que a redacção reuniu mais colaboradores do que o habitual, que se juntaram para “fazer o luto à publicação”. O tablóide, que foi lançado em 1995, tem vindo a ser investigado por Pequim, por apoiar o movimento pró-democracia e o direito à liberdade de imprensa na antiga colónia inglesa. O seu fundador, Jimmy Lai, está, actualmente, a cumprir uma pena de 28 meses de prisão, por envolvimento nas manifestações de 2019, e por acusação de conluio com forças estrangeiras, ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, um documento imposto por Pequim em Junho de 2020. De acordo com o Keith Richburg, director da faculdade de Jornalismo da Universidade de Hong Kong, o encerramento do “Apple Daily” foi “chocante, mas não surpreendente”. “A partir do momento em que a Lei de Segurança Nacional foi imposta em Pequim, soubemos que o jornal seria um alvo, e que acabaria por ser encerrado ao abrigo desta lei”, disse Richburg, citado pelo “Guardian”. “O governo encarava este jornal como uma força da oposição. Mas acho que os cidadãos ficaram impressionados com a velocidade de todo o processo”.