A falta de investimento, a quebra na publicidade e na circulação de jornais em suporte de papel, fizeram com que o formato digital se tornasse particularmente atractivo para novos projectos de “media”.
Os títulos digitais estão disponíveis a qualquer momento, e em qualquer lugar com conexão a Wi-Fi, são mais sustentáveis para investidores e estão a ajudar a combater o “deserto mediático”, em algumas zonas dos Estados Unidos. Em 2019, cerca de 10 por cento das notícias locais eram produzidas por jornais sem versão impressa.
A imprensa “online” começou a surgir há 15 anos, um pouco por toda a América, mas, apesar do impacto positivo que tem nas comunidades, continua a ser descredibilizada pelas instituições, que dão prioridade a publicações em formato de papel.
Títulos como o “Spotlight”, um jornal digital radicado em San Diego, são privados de comunicados estatais e de actualizações legislativas, por não serem reconhecidos a nível nacional. Os editores dessas publicações consideram as medidas “retrógradas” e prejudiciais, tanto para os leitores como para a democracia.
A grande conquista será, dizem os autores desses projectos, conseguir atingir o estatuto de jornais com longevidade e reconhecimento, bem como a visibilidade de emissoras regionais de televisão.
Os preconceitos não partem, contudo, apenas de organismos estatais, mas, igualmente, de associações de imprensa: na Califórnia, a CNPA - CaliforniaNewspaper Publishers Association, aceita jornais “online”, mas cobra quotas reduzidas e priva-os de votar.
As circunstâncias parecem estar, contudo, a mudar progressivamente, graças à pressão exercida pelos responsáveis desses projectos. A título de exemplo, Tom Bolton, director do “Noozhawk”, rejeitou fazer parte da CNPA, por não ser considerado um membro de “pleno direito”, o que levou a associação a repensar o seu modelo.
Para Tom Bolton, a próxima barreira a ultrapassar será conseguir investimento de grandes empresas, que, normalmente, apostam em jornais em formato clássico.