Inquérito global às redacções revela assimetrias na adaptação tecnológica

Este estudo, que recolheu mais de 2.700 respostas de jornalistas e responsáveis pelas redacções em 130 países, revela que esta tendência é consistente em todas as regiões, embora no espaço da Eurásia/antiga União Soviética haja maior adopção dos meios digitais e o Sudeste Asiático seja ainda dominado pelos meios tradicionais.
Segundo notícia da International Journalists’ Network, que aqui citamos, os problemas vêm principalmente de dois lados: o da confiança e verificação, e o dos modelos de negócio:
“As redacções dependem muitíssimo de conteúdos gerados por utentes na preparação de notícias de última hora, mas só 11% dos inquiridos decararam estar a usar as ferramentas de verificação das redes sociais, como a TinEye e a Datamir. E isto apesar de a maioria dos jornalistas (71%) usarem as redes sociais para encontrarem ideias para novas reportagens e outro conteúdo do seu trabalho.”
“E quando as notícias não são verificadas, o público perde confiança. Apesar de a confiança do público nos media se encontrar no ponto mais baixo de sempre, em todo o mundo, só 21% dos inquiridos na Eurásia e nos antigos Estados soviéticos - e 29% das redacções na América do Norte - identificaram a construção de confiança como preocupação fundamental. Outras regiões do mundo, especialmente a América Latina, o Médio Oriente / África do Norte e a Europa, estão muito mais preocupadas.” (...)
“Quase duas décadas desde que a Internet começou a perturbar o modelo de negócio do jornalismo, muitas redacções continuam a lutar pelo desenvolvimento de uma fonte de rendimento sustentável que não afogue o leitores com anúncios ou os faça parar diante de uma paywall.”
“É mais fácil às redacções exclusivamente digitais adaptarem-se aos desafios de financiarem o noticiário online. Segundo este inquérito, têm duas vezes mais probabilidade de gerar receita de fontes alternativas do que as redacções tradicionais ou híbridas (que combinam os formatos tradicional e digital).” (...)
O texto que citamos conclui:
“Apesar destas revelações, há esperança para o jornalismo na era digital - se soubermos onde procurar. Em sete das oito regiões estudadas, as redacções exclusivamente digitais ou híbridas ultrapassaram os media tradicionais. As startups impulsionadas pela inovação podem tornar-se a nova norma, à medida que mais meios tradicionais desaparecem. E todas as oito regiões estudadas partilham abundantemente os mesmos processos, ferramentas, competências e formação, no seu processo de adaptação à era digital - uma descoberta que abre possibilidades a novas formas de colaboração e parcerias cruzadas.”
O artigo citado, na íntegra, na IJNet, e o relatório The State of Technology in Global Newsrooms