Esta linguagem suscita, naturalmente, uma reacção entre a dúvida e o desejo de que seja mesmo assim. Numa era em que todos os jornais de referência enfrentam as suas crises de dependência económica, de mudanças de accionistas, de quebra de receitas, o voto de todos os profissionais responsáveis é de que as boas soluções se consolidem e fiquem como exemplo possível para outros. 

O editorial de Jérôme Fenoglio afirma que, no projecto de acordo assinado em 12 de Janeiro, "a desconexão entre os direitos políticos e morais dos jornalistas e a evolução do capital clarifica a repartição de poderes entre as duas partes". 

E mais adiante:

"Longe das lógicas de predação ou desmantelamento que se têm visto noutros media, os diversos títulos do grupo puderam realizar a sua revolução digital. Contra a tentação da Informação low cost e da sangria dos efectivos, a redacção de Le Monde não perdeu nem a alma nem a substância. (…)  Os jornalistas conservam o pleno domínio dos seus escritos e da sua imagem, incluindo esta independência, da qual é garante o director, o recrutamento de novos membros da redacção." 

Mas Jérôme Fenoglio não se exime de alertar, sobre a situação presente do jornal:

"O maior perigo seria considerá-la como definitivamente adquirida. Em matéria de independência da Imprensa, uma noção eminentemente instável, não existe o risco zero. Nenhuma estrutura económica, nenhum sistema de protecção, nenhuma carta pode garantir uma resistência total a todas as formas de intervenção, de jogos de influência, de pressão, se os princípios não forem sustentados por uma virtude individual e colectiva: a coragem." 

E remata o editorial declarando "a nossa ambição de constituir um ponto de referência num mundo sem bússola, confortado todos os dias pelo mais precioso dos apoios: a confiança dos nossos leitores." 

O texto é acompanhado por ou outro, de três parágrafos, que explica o "modelo económico equilibrado" de Le Monde, bem como por descrições mais pormenorizadas da evolução recente na relação de forças da empresa.