Incerteza política na Venezuela força jornalistas a emigrar

A destruição do “ecossistema” mediático, nas últimas duas décadas, teve um impacto dramático no livre exercício do jornalismo. A compra de meios de comunicação, as medidas administrativas e judiciais arbitrárias, a falta de papel para impressão e a censura reduziram as possibilidades laborais de jornalistas na Venezuela. Em Junho de 2019, mais de 70 meios de comunicação foram fechados e censurados pelo governo.
Fernando Peñalver, com 30 anos de experiência jornalística na Venezuela, chegou ao Chile em 2016. Depois de mais de seis meses desempregado e sem perspectivas futuras, decidiu radicar-se em Santiago, ainda que com pouco dinheiro e sem contactos.
Em Maio de 2018, um ano e meio após sua chegada a Santiago, o Grupo Publimetro contratou Peñalver como redactor multimédia, depois de o jornalista ter colaborado como” freelancer” nas eleições primárias chilenas. Nem todos os seus colegas no exterior tiveram a mesma sorte.
"Voltei ao jornalismo, o que me faz muito feliz e realizado. Regressar à profissão é reconciliar-me com o bom e com o belo", escreveu Peñalver numa página no Facebook, dedicada a repórteres imigrantes venezuelanos.
Assim como Peñalver, milhares de jornalistas tiveram que deixar o país. Não há estatísticas globais de quantos profissionais podem ter migrado nos últimos 20 anos, durante a revolução bolivariana. Existem, porém, alguns dados para o período, desde que Nicolás Maduro assumiu o poder, mas acredita-se que os números sejam maiores do que os estimados.
Desde que Nicolás Maduro assumiu o poder em Abril de 2013, foram registados 2.265 ataques à liberdade de imprensa, incluindo censura, intimidação, agressões físicas, detenções arbitrárias e roubo de equipamentos de trabalho, segundo o Sindicato dos Jornalistas venezuelanos, acrescentando que, em 2019, mais de 200 profissionais foram perseguidos.
Enquanto as condições para o exercício jornalístico na Venezuela não melhorarem, os comunicadores continuarão mudar-se, com suas famílias , para outros países. Carleth Morales, fundadora da associação Imprensa Venezuelana, garante que o êxodo acontece em vagas. De acordo com as eleições, ameaças, e encerramento de meios de imprensa.
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