O diário digital HuffPost está a ser submetido a mudanças de fundo, deixando de vez a plataforma de colaboradores não pagos, que tinha chegado aos 100 mil e era uma das suas imagens de marca. A nova directora desde há um ano, Lydia Polgreen, declarou a The New York Times (de onde é proveniente) que esse tipo de plataformas sem filtro, muito disseminadas pela Internet, se tornaram “lugares de cacofonia e confusão, onde é difícil ouvir e onde as vozes são abafadas pela prevalência das que gritam mais alto”. O seu desejo expresso é apostar numa reportagem de qualidade, minimizando histórias não verificadas, num tempo em que há tanta desinformação online.
Lydia Polgreem mudou mais do que o título do jornal - o antigo The Huffington Post (do nome da sua fundadora, Arianna Huffington).
Conforme disse na mesma entrevista, “num ambiente em que florescem as fake news torna-se cada vez mais difícil suportar o tipo de plataforma de publishing assente na ideia de ‘deixar que floresça um milhar de flores’.”
Segundo a Meios & Publicidade, que aqui citamos, “a plataforma que agora é eliminada, e que representava 10 a 15% do tráfego do HuffPost, será substituída por novas secções e colunas de opinião que incluirão colaboradores pagos, que trabalharão em conjunto com os editores do site, actualmente com cerca de 210 profissionais na área editorial nos EUA e mais 340 a trabalhar para as edições internacionais”. (...)
Nem tudo tem corrido bem neste primeiro ano. Houve cerca de 40 despedimentos no Verão de 2017, incluindo o de David Wood, o único premiado com um Pulitzer Prize na redacção. Também Ryan Grim, chefe da delegação em Washington, e Sam Stein, o editor sénior de política, deixaram o site. Lydia Polgreen está a reorientar a cobertura política, incluindo mais reportagem fora de Nova Iorque e Washington.
“Agora pensamos menos em quantas pessoas andam pelos corredores do Congresso, fazendo as mesmas perguntas aos mesmos Senadores, todo o dia e todos os dias” - disse ao New York Times. Afirma também a intenção de recrutar mais repórteres durante este ano.
“O tráfego do site tem caído nos últimos anos, embora a directora se declare mais interessada na ligação com os leitores do que no tamanho da audiência. Nem ela nem o administrador, Jared Grusd, fizeram comentários sobre se a empresa é lucrativa.”
Mas Lydia Polgreen “fala com entusiasmo das suas ambições globais (quase 60% do tráfego do site vem de fora dos Estados Unidos) e dos seus planos para o modelo de negócio do HuffPost, não descartando a hipótese de propor alguma forma de assinatura, no futuro”.
Mais informação na M&P e na entrevista ao NYT, cuja imagem, da redacção do HuffPost em Manhattan, aqui incluímos