Há “rankings” publicados em jornais incompletos ou enviesados
O jornalista espanhol Manuel Ansede é apenas um de muitos profissionais que tentou verificar a origem de uma afirmação, segundo a qual Espanha era um dos países com mais poluição sonora do mundo. Ansede concluiu que o mito - que foi reproduzido em várias notícias - teve origem num congresso em Saragoça.
Outro exemplo notável é o da difusão jornalística da informação de que a Espanha seria o décimo país do mundo onde havia mais pirataria de música “online”. A atribuição dessa posição resultou, no entanto, de um mal-entendido, viciado pela oralidade.
O “ranking” não se baseava nos dados, individuais, de cada país, mas, sim, em quatro níveis de agrupamento. O primeiro, em que mais de 50% da música seria “pirata”, incluía 31 países. No segundo, com vendas piratas entre os 25 e os 50%, estavam 25 países. Espanha era um dos onze países do terceiro nível, com vendas piratas entre os 10 e os 24% do total. Finalmente, no quarto “patamar”, estavam 16 países. Assim, a informação correcta seria a de que Espanha se tratava do 56º país do mundo com maior percentagem de consumo ilegal de música.
Além do mais, o levantamento de dados não foi, efetivamente, “mundial”, visto que só abrangeu países vinculados a grandes organizações internacionais, que têm capacidade para recolher informação estatística.
Segundo Josu Mezo, os métodos de investigação podem, também, favorecer alguns países, em detrimento de outros. Sucede que há estudos, supostamente globais, concretizados por empresas institucionais de um determinado país que acabam por beneficiar a origem.
Mezo alerta para a necessidade de acautelar o mais possível do enviesamento dos “rankings”, o qual pode influenciar a comunidade jornalística com referências enganosas.