Guterres prevê guerras no ciber-espaço da informação
“Mas não é apenas a ciber-guerra” - advertiu o orador, sublinhando que em todas as actividades económicas, sociais e políticas, temos hoje como preocupação essencial “os problemas da ciber-segurança”, havendo engenheiros dos dois lados, uns a proteger-nos, “com acções extremamente meritórias”, e outros “sendo instrumentos de utilização das potencialidades dessas tecnologias” por organizações de natureza criminosa ou mesmo terrorista.
E “estamos hoje completamente desprovidos de quaisquer mecanismos regulatórios ou, sequer, de protocolos que definam algumas regras básicas para garantir que a Internet seja um instrumento fundamentalmente ao serviço do Bem.”
Esta parte final do seu discurso foi apresentada como uma reflexão sobre inovações que trazem consigo “expectativas e potencialidades para melhorar a vida da Humanidade e para projectar enormes crescimentos das economias, mas, ao mesmo tempo, onde se apresentam alguns dos dilemas éticos mais dramáticos em relação ao futuro do nosso planeta”.
Embora sem mencionar explicitamente o jornalismo, António Guterres disse: “Estou a referir-me às tecnologias de informação e comunicação e, em particular, ao chamado ciber-espaço.” (...)
Sublinhando a importância de se tomarem decisões responsáveis, a nível global, afirmou:
“Esta é uma questão central que se põe hoje, aos cientistas, aos engenheiros, com dilemas éticos extremanente importantes, como também acontece com a engenharia genética e com outras áreas da vida científica, em que, porventura pela primeira vez na História, nos encontramos numa situação que tanto pode abrir extraordinárias oportunidades de melhoria das condições de vida no planeta como pode constituir-se em ameaça existencial à nossa própria espécie.”
“Isso é verdade na Inteligência Artificial, na engenharia genética, em vários outros domínios, e creio que as mulheres e os homens de ciência têm aqui uma obrigação essencial de pôr na mesa todas as questões éticas e de confrontar os que têm responsabilidades políticas com a necessidade de assumirem essas responsabilidades num mundo em que, infelizmente, verificamos que há uma total divisão e incapacidade para chegar a acordo em relação aos mecanismos regulatórios, ainda que necessariamente inovadores, ainda que completamente diferentes dos do passado.” (…)
A concluir este ponto, António Guterres defendeu que “só numa mobilização de todas as entidades envolvidas - governos, empresas que promovem essas tecnologias, comunidade científica, Universidade, sociedade civil - só juntando todos, nos mecanismos em que todos os stake-holders estão envolvidos, será possível encontrar algumas regras mínimas que nos permitam fazer com que estas novas tecnologias sirvam, de facto, o futuro da Humanidade de forma positiva.”
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