A jornalista Carmen Aristegui e dois outros membros da sua equipa de investigação recebiam, a partir de Janeiro de 2015, mensagens que se apresentavam como vindas dos seus bancos, da Embaixada dos Estados Unidos ou da operadora dos telemóveis, convidando-os a “clicar” em determinado endereço. 

Segundo artigo de Le Monde, que aqui citamos, isso bastava para introduzir um vírus “espião” que passava a ter conhecimento de todos os seus arquivos, incluindo chamadas e mensagens, tendo ainda acesso à geolocalização do utente e ao serviço do microfone e da câmara do aparelho. 

“Este espião é comercializado pela sociedade israelita NSO Group, que só o vende a agências governamentais para combater o terrorismo e o crime organizado. Mas, apoiado por cópias de contratos de licença, o relatório revela que a empresa conta entre os seus clientes os ministérios da Defesa e da Justiça, bem como os serviços secretos mexicanos.” 

Entre as vítimas desta operação contam-se outros jornalistas “incómodos”, como Carlos Loret de Mola, apresentador de um canal de televisão, que denunciou a execução de 22 presumidos delinquentes por forças policiais, em Maio de 2015, ou Mario Patron, da organização de defesa dos Direitos Humanos Centro Prodh, que apoia os familiares dos 43 estudantes desaparecidos em Setembro de 2014, depois de serem detidos. 

“Nós tornámo-nos os inimigos do Estado”, declarou Juan Pardinas, director do Instituto Mexicano para a Competitividade, que foi espiado quando elaborava um projecto de lei contra a corrupção política. 

“Deputados da oposição exigem um inquérito, bem como as organizações Amnistia Internacional e Human Rights Watch. As vítimas apresentaram queixa, pedindo investigadores independentes, num país em que 99% dos delitos contra a Imprensa permanecem na impunidade.”

 

Mais informação no texto de Le Monde e em Global Investigative Journalism Network