Governo húngaro condiciona narrativa dos “media” nacionais
A liberdade de imprensa continua a deteriorar-se na Hungria, onde a maioria dos “media” segue a narrativa do governo de Viktor Orbán, e os editores pedem aos jornalistas que ignorem comunicados de organizações de defesa dos Direitos Humanos.
Conforme apontou o “Guardian”, durante as campanhas para as legislativas, as publicações e emissoras noticiosas apoiaram a posição de Orbán que garantiu, entretanto, o seu quarto mandato consecutivo.
Por outro lado, as campanhas dos partidos da oposição foram, muitas vezes, ignoradas pelos “media”, embora abordassem uma das maiores problemáticas nacionais: a corrupção.
“Neste momento, a situação que vivemos na Hungria é pior do que aquela experienciada na década de 1980, quando havia um regime comunista”, explicou uma fonte anónima ao “Guardian”, com décadas de experiência no sector dos “media”.
“Os níveis de censura e de interferência do governo nos canais públicos estão, agora, muito mais acentuados”, acrescentou a mesma fonte.
Além disso, garantiu o “Guardian”, a agência noticiosa húngara, a MTI, tem uma “lista negra” de organizações, sobre as quais os jornalistas não podem reportar, incluindo a Amnistia Internacional.
Aliás, um editor do MTI foi acusado de instruir os jornalistas a ignorarem os artigos de outras agências noticiosas internacionais, tais como a Reuters e a Associated Press, por não serem de “confiança”.
Já Balázs Bende, editor do canal estatal MTVA, informou os seus colaboradores que não deveriam referir-se a Joe Biden como o “Presidente eleito”.
Por outro lado, este tipo de instruções nem sempre são necessárias, uma vez que a maioria dos jornalistas segue, instintivamente, a narrativa do governo.
Abril 22
Isto levou as organizações Hungarian Civil Liberties Union e Political Capital junto da Comissão Europeia, acusando os “media” húngaros de continuarem a disseminar propaganda pró-Kremlin, no contexto da guerra russo-ucraniana.
Em resposta a esta acusação, um porta-voz do governo húngaro afirmou que a liberdade e diversidade de imprensa estavam protegidas ao abrigo da Constituição, e que as leis dos “media” serviam, apenas, para travar o aparecimento de monopólios.
“O governo não dirige os ‘media’ públicos. Se olharmos para a imprensa húngara, vemos que existem várias opiniões a serem partilhadas. Isto é muito diferente do que acontece nas sociedades ocidentais. Aqui, cerca de 50% dos meios de comunicação são conservadores, enquanto 50% são progressivos. Chamamos a isso pluralidade mediática”.
De acordo com a Freedom House, a Hungria é um país parcialmente livre, onde os jornalistas independentes são perseguidos.
Aliás, em 2020, o “Index”, uma das principais publicações independentes daquele país, passou a ser controlado por apoiantes do governo.
Além disso, no âmbito da pandemia de covid-19, o governo proibiu a disseminação de “notícias falsas” sobre a gestão da crise sanitária.
A Hungria encontra-se em 92º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras, entre 180 países.
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