Google como “mecenas” dos “media” gera desconfiança
Nos últimos anos, a maioria dos projectos da Google, para apoiar os “media”, tem beneficiado jornais já estabelecidos e com um número elevado de leitores, em detrimento de pequenos títulos independentes, revelou um relatório da German Otto Brenner Foundation.
Além disso, de acordo com aquele estudo, realizado pelos investigadores Alex Fanta e Ingo Dachwitz, de uma forma geral, estes programas são lançados sempre que o escrutínio sobre a acção da Google se intensifica.
Com isto, a Google tem conseguido estruturar a sua influência no sector dos “media”, numa altura em que a maioria dos jornais ainda está a encontrar uma nova estratégia digital.
Os investigadores recordam, por exemplo, que a Google passou a assumir-se como “mecenas” dos “media” em 2013, ao lançar, em França, o programa “Digital Publishing Innovation Fund”.
Ora, coincidentemente, nessa mesma altura, o governo francês estava a avaliar a implementação de novas taxas de publicidade “online”.
Dois anos mais tarde, este programa começou a sua expansão europeia adoptando uma nova denominação: “Google News Initiative”. Em 2018, a iniciativa passou a actuar globalmente.
E, tal como aconteceu em França, estes “alargamentos” foram anunciados em momentos de maior pressão política sobre a empresa de tecnologia.
Fevereiro 21
Assim, os investigadores acreditam que esta realidade está relacionada com uma de seis hipóteses:
A primeira aponta que a Google está a ajudar os “media” para que não haja interferência na sua estratégia empresarial.
A segunda sugere, por sua vez, que a Google procura mostrar aos profissionais dos “media” que o seu emprego depende dos apoios da empresa, incentivando-os a praticar a auto-censura sobre o mundo tecnológico.
Da mesma forma, a gigante tecnológica pode querer influenciar o discurso de forma a evitar o aparecimento de concorrência.
Por outro lado, apontam os especialistas, é possível que a empresa queira assegurar as disparidades económicas no mundo, já que continuam a apoiar um determinado tipo de jornais.
Em quinto lugar, os investigadores equacionam a possibilidade de a Google querer limitar a independência da imprensa, já que a maioria das funcionalidades digitais dos jornais “online” pertence àquela empresa.
Por fim, os especialistas apontam que esta realidade é, acima de tudo, sintomática da pouca transparência praticada pelas empresas tecnológicas.
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